sábado, 16 de janeiro de 2010

Férias tem prazo de validade...

Por mais agradável e renovadora que possa ser uma viagem de férias, nada, absolutamente "non hilum" se compara à volta.
O sabor insuperável de retornar para si mesmo, para cada canto da sua vida, não tem parâmetro.
Antes mesmo de chegar já dá para sentir a delícia de encontrar os cheiros das cores originais e as luzes do seu cativeiro voluntário. Os espaços únicos e tão íntimos que temos em nossa vida só conseguem ser avaliados quando postos em perspectiva.
Quando ficamos sem eles por um período começamos a sentir como se tivéssemos perdido algo de nós mesmos. Falta o ar.
Sim, é possível carregar alguns de nossos recantos para onde quer que estejamos, mas há silêncios que não podem ser reproduzidos. Há os aromas e odores da sua identidade.
A unidade e inteireza estão ali guardadas em nosso canto, com todos os nossos códigos.
O interior de nossas paredes, por vezes sombrias, nos devolve um foco e a segurança do ninho.
Viver para fora cansa.
Há uma diferença entre o descanso do corpo e o da alma.
Ficamos operando no mundo prático das fotos e dos fatos novos , dos registros que irão para o álbum de memórias. A alma se ressente.
Aquilo que recolhemos de mais importante, só a solitude e o caminho de volta podem revelar.
O ruído dos nossos bichos, a profundidade de nosso olhar e o caminho rumo aos nossos corredores se faz imprescindível para que nos sintamos inteiros e plenos.
Voltar para casa é , acima de tudo, voltar para os próprios braços, é cair no próprio abraço por inteiro. É poder fechar os olhos e saber o que está ao lado e à frente e sobre.
Familiaridade, rotina e ciclo. É lugar comum, zona de conforto.
Se por um lado férias nos dão "amperagem" para renovar e oxigenar, sem dúvida é preciso reconduzir-se , com bagagem nova , com novas palavras na língua, novos rostos e imagens armazenados nas memórias e saudades, muitas saudades da própria vida.
Voltar para dentro por novas vias, ventilando mudanças, deixando alguns fragmentos perdidos no silêncio das conversas, muito aprendizado na mochila e um saber: nunca voltamos inteiros e nunca encontramos nada igual ao que deixamos.
Assim é, correr riscos, desapegar. Ao voltar montamos as peças novamente. Armamos, encaixamos, mas o jogo já não é o mesmo. Este é o saldo das fugas de nosso íntimo mundo , pessoal e intransferível. Nossas pequenas sabotagens contra o destino. É no regresso que nos reconstruímos.
beijo reconstruído
da melind@

Bailamares sobreasondas...

- Alonga, estende bem alto e faz uma bola redonda! Desce, vai lá em baixo e sobe devagar....

Estas são as confortáveis palavras do professor que vou chamar aqui de Paulinho.

Ele e mais algumas centenas de pessoas trabalham em navios que fazem os "Cruzeiros" da moda no turismo nacional e mundial.

- Bom dia! - com todos os sotaques: mexicanos, filipinos, indianos e similares. Sorrisos esculpidos para fazer a satisfação dos novos passageiros. Sim senhor, sim.

Sim, está na moda fazer cruzeiros. Tudo que é moderno acaba ficando popular.

Eu nunca planejei fazer um, nunca me senti atraída pela idéia de ficar confinada em um lugar por dias, principalmente um lugar que se move sobre a água e balança.

Sou fraca de vontade e alguns argumentos foram bastantes para que eu sucumbisse e topasse a parada.

Sim, eu fui. Sim eu gostei.

Por incrível que pareça, o interessante em algo feito de improviso são seus opostos, a expectativa e os imprevistos. Ambos podem ser muito bons mestres. Eu estou nesta fase da vida na qual o que não é bom, é aprendizado. Tudo é lucro.

Na verdade, eu achei bárbaro. Um luxo.

Por vezes o corredor da cabine 8180 simplesmente desapareceu e por outras a entrada transformou-se em um espelho, mas sempre havia outro caminho.

A idéia é bem pensada e os detalhes são todos minuciosamente planejados. Há recreação para os chatos , para os psicopatas, para os simplórios, para os entusiastas, para os consumistas, esportistas, boêmios, baladeiros, pagodófilos, bregas, chiques, webólogas, intelectuais, pedantes , zens, românticos e deslumbrados. Não vi ninguém que estivesse fora do catálogo. Até mesmo se o indivíduo não quer fazer nada, ele está em casa.

Comidas que vão do regular ao muito bom, serviço ídem. Bares, restaurantes, boates, bibliotecas, academias, spas, teatro, festas , monitores e , claro, tempo exíguo. Paradas em portos estratégicos, mais novidades e oportunidades.

A animação. Bem, a animação!

- Palmas para o diretor de cruzeiros ( que vou chamar aqui de) Paquito Púrpura e para os músicos da orquestra ( que vou chamar de) Tanasondas e os dançarinos da companhia ( que vou chamar) Bailamais.

A frase mote:

- Viva a vida!!

clap, clap, clap, clap.....

    Fio  Entrei no absoluto e simples vagar do tempo. Invadi os espaços aparentes que reservei para um dia. Olhei minha própria fa...