sábado, 17 de outubro de 2009

O Sentido do Ser..

Preciso escrever um texto sobre "o sentido do ser". Parece um tema simples em um primeiro olhar, entretanto, dá para escrever um livro e não dizer nada. Resolvi especular aqui no blog, explorar alguns "senderos" para construir um clima de grande descoberta.
Como eu começo? Onde é o começo?
Onde tudo começa a buscar um sentido e ou necessita encontrar algum? Será que foi quando começamos a ter alguma consciência de nós mesmos? Sabemos o que é isso?
Já deu para perceber que não vai ser fácil. È roubada!
Vamos ser literais. Um pouco de gramática , semântica e etimologia.
Começo pelo "Ser" verbo? Ou pelo "Ser" substantivo? Ser infinitivo. Ser abstrato. Ser concreto.
O fato é que o ser tem um conteúdo inseparável que é o movimento. Já deu para perceber o movimento acima. Ser é movimento.
Não estamos falando de "Ser" no passado, sido ,nem de "Ser" no futuro, mas do "Ser" agora ou a partir de agora ( porque o agora já passou). O sentido do ser neste segundo( onde se alinhavam todos os tempos).
O "Ser" se transmuta a cada novo pensamento, onde ganha outra roupagem , outra perspectiva ou uma nova interrogação. Desta forma , o "Ser" não tem um sentido, mas muitos sentidos.
Qual o sentido ou direção destas três letras? Que movimento exerce esta pequena palavra , tão intensa e rica em suas prerrogativas quando ingressa em nossa mente?
Em que direções se move a energia que anima a matéria da qual somos feitos, um tanto de átomos, etérea, diáfana, e que , ainda assim não possui nexo se estiver só, sob o efeito do singular, isolada sob a luz no palco. Não parece haver razão do ser pelo ser.
Algo fica mais confortável quando são "seres", repletos de possibilidades, ainda que apenas latentes. Possibilidades em algum e qualquer horizonte.
O Sentido, que também pode expressar sentimento, gera outro conteúdo, outra dimensão. O " Ser" sente.
Da mesma forma que este curto post( considerando as infinitas possibilidades do tema), fica claro que descobrir o "sentido do ser" é uma busca que pode ser equacionada em múltiplas combinações.
Podemos combinar nossa busca ao tempo, em que momento estamos vivendo, em que estação de nossa vida estamos sintonizados. Chegamos a unir nossos tempos? Já conseguimos entender nossa própria eternidade( ainda que enquanto dure).
Também podemos combinar nossa busca com o espaço, o espaço dentro e o espaço fora de nós. Qual deles prepondera? Que mundo descobri como fundamental? Achei equilíbrio nesse encontro de dois mundos. A ficção e a realidade. Qual dos mundos eu considero ficção, o dentro ou o fora?
Ainda podemos associar nossa busca a forma, a como pretendemos encontrar ou priorizar o sentido de ser. Sós? Já conseguimos nos entender como unos, como um todo? Somos todos um?
Será que as nossas investigações são repletas de conteúdo solidário, altruísta, amorável e acima de tudo repletas de compaixão?
Não vamos encontrar nessas variáveis nenhuma certeza, mas assim como uma planta não vive se não estiver encravada na terra, não temos sentido se não nos entendermos como coletivo, como espécie, como unidade dotada desta força inexplicável que é a vida .
A sensação é de insatisfação. O ser é insatisfeito e nunca vai achar um sentido pronto e acabado. Cada um assiste ao colorido sob a sua própria ótica. Cada gosto e cada história pessoal vai dar em um novo ato, que vai compor nosso ensaio! Podemos ensaiar eternamente e nunca estarmos prontos para o último ato. Enfim, o sentido do ser é tudo isto , portanto, movimento, busca, sintonia, superação, transcendência, transmutação, renovação, gratidão, perdão, cura, despertar, sonhar, conquistar, amar, encontrar, desapegar, partir, permanecer, desbravar, soerguer, derrubar, mergulhar, respirar, ver, tocar,eternizar, sentir, ser....
Um beijo sem sentido.....
da melinda

terça-feira, 13 de outubro de 2009

"As mentes inteligentes falam de idéias, as medianas de eventos e as primárias de pessoas". Aziz Nacib Ab'Sáber, Geógrafo.

domingo, 11 de outubro de 2009

Crepúsculo:entre o nascer e o por do sol eu cheguei e os astros estavam lá olhado...

Eu nasci sob o signo de Áries, com ascendente em Capricórnio, mas passei a minha vida quase toda achando que era ascendente em Sagitário. Foi por causa de um equívoco com a hora do nascimento e com o ano bissexto. Outro equívoco foi acreditar em histórias da carochinha e em destino astral. Cheguei a fazer um mapa astral uma vez. Muito tempo isto. Veio encadernado e cheio de desenhos lindos. Foi o que mais gostei, da estética do trabalho. Tive vontade de reproduzir aquele negócio em tamanho painel e colocar numa parede. Era lindo. Uma obra de arte. Aliás, se ali estivesse traçada minha vida, ela seria algo muito acima de minhas expectativas. A visão era uma viagem às profundezas de minha imaginação.
Símbolos prolíficos, dezenas deles, fecundavam o terreno que eu mais pisava. Delírios magestosos.
Profunda e silenciosa, a rota do meu suposto destino era um escândalo. Quanto ao texto, as conjunções e oposições não tiveram qualquer significado que fizesse sombra àquelas imagens mimetizando a dimensão do metafísico que eu não queria traduzir para a literalidade de jeito algum . Eu queria apenas pressentir o que viria pela frente e deixar que aquele amontoado de linhas entrelaçadas correspondessem a dimensão dos meus projetos. Eram como uma teia que fora iniciada para que eu continuasse tecendo. Eram como o nó sem fim, que vai entrelaçando"ad eternum" todas as frequências sintonizadas e captadas pelo meu campo de força e ação. Um prenúncio da quantidade de vezes que o meu foco perante a vida iria se multiplicar.
Eu estou me livrando de coisas inúteis e afinal cheguei ao mapa. Com o perdão do zodíaco, preciso mandá-lo para alguma reciclagem.
No meu ponto de vista ele já cumpriu seu papel.
A foto instantânea do firmamento na hora do meu nascimento ( coisa solene) como se define o livro com meu nome na capa, cheia de sextis, trígonos e quadraturas me rendeu pensamentos psicodélicos.
Com destaque às efemérides, que deixam revelar como os astros se curvaram perante o ocaso real deste astro que escreve no Moksha.
Brincadeiras à parte, o fato me fez lembrar da grandiosidade e dos detalhes matemáticos que envolvem o tempo-espaço da nossa passagem neste planeta.
Como disse Goethe:
" Assim como a posição em que o Sol se encontrava para saudar os planetas no dia em que nasceste, assim te desenvolveste, desde então e pela vida afora, obedecendo a lei pela qual entraste no mundo. É assim que tens que ser, não poderás fugir de ti mesmo, como já diziam as Sibilas e também os profetas; nem o tempo e nenhum outro poder há de desfazer uma forma moldada que, vivendo, se desenvolve"
Um beijo profético da Melinda

Saúde Mental

Saúde mental
Por Rubem Alves
Fui convidado a fazer uma preleção sobre saúde mental. Os que me convidaram supuseram que eu, na qualidade de psicanalista, deveria ser um especialista no assunto. Eu também pensei. Tanto que aceitei. Mas foi só parar para pensar para me arrepender. Percebi que nada sabia. Eu me explico.
Comecei o meu pensamento fazendo uma lista das pessoas que, do meu ponto de vista, tiveram uma vida mental rica e excitante, pessoas cujos livros e obras são alimento para minha alma. Nietzsche, Fernando Pessoa, Van Gogh, Wittgenstein, Cecília Meireles, Maiakovski. E logo me assustei. Nietzsche ficou louco. Fernando Pessoa era dado à bebida. Van Gogh se matou. Wittgenstein se alegrou ao saber que iria morrer em breve: não suportava mais viver com tanta angústia. Cecília Meireles sofria de uma suave depressão crônica. Maikovski suicidou-se. Essas eram pessoas lúcidas e profundas que continuarão a ser pão para os vivos muito depois de nós termos sido complemente esquecidos.
Mas será que tinha saúde mental? Saúde mental, essa condição em que as idéias se comportam bem, sempre iguais, previsíveis, sem surpresas, obedientes ao comando do dever, todas as coisas nos seus lugares, como soldados em ordem unida, jamais permitindo que o corpo falte ao trabalho, ou que faça algo inesperado, nem é preciso dar uma volta ao mundo num barco a vela, basta fazer o que fez a Shirley Valentine (se ainda não viu, veja o filme!) ou ter um amor proibido ou, mais perigoso que tudo isso, a coragem de pensar o que nunca pensou. Pensar é coisa muito perigosa...
Não, saúde mental elas não tinham. Eram lúcidas demais para isso. Elas sabiam que o mundo é controlado pelos loucos e idosos de gravata. Sendo donos do poder, os loucos passam a ser os protótipos da saúde mental. Claro que nenhum dos nomes que citei sobreviveria aos testes psicológicos a que teria de se submeter se fosse pedir emprego numa empresa. Por outro lado, nunca ouvi falar de político que tivesse estresse ou depressão. Andam sempre fortes em passarelas pela ruas da cidade, distribuindo sorrisos e certezas.
Sinto que meus pensamentos podem parecer pensamentos de louco e por isso apresso-me aos devidos esclarecimentos. Nós somos muito parecidos com computadores. O funcionamento dos computadores, como todo mundo sabe, requer a interação de duas partes. Uma delas se chama hardware, literalmente "equipamento duro", e a outra se denomina software, "equipamento macio". O hardware é constituído por todas as coisas sólidas com que o aparecolho é feito. O software é constituído por entidades "espirituais" - símbolos, que formam os programas e são gravados nos disquetes.
Nós também temos um hardware e um software. O hardware são os nervos do cérebro, os neurônios, tudo aquilo que compõe o sistema nervoso. O software é constituído por uma série de programas que ficam gravados na memória. Do mesmo jeito como nos computadores, o que fica na memória são símbolos, entidades levíssimas, dir-se-ia mesmo "espirituais", sendo que o programa mais importante é a linguagem.
Um computador pode enlouquecer por defeitos no hardware ou por defeito no software. Nós também. Quando o nosso hardware fica louco há que se chamar psiquiatras e neurologistas, que virão com suas poções químicas e bisturis consertar o que estragou. Quando o problema está no software, entretanto, poções e bisturis não funcionam. Não se conserta um programa com chave-de-fenda. Porque o software é feito de símbolos, somente símbolos podem entrar dentro dele. Assim, para se lidar com o software há que se fazer uso de símbolos. Por isso, quem trata das pertubações do software humano nunca se vale de recursos físicos para tal. Suas ferramentas são palavras, e eles podem ser poetas, humoristas, palhaços, escritores, gurus, amigos e até mesmo psicanalistas.
Acontece, entretanto, que esse computador que é o corpo humano, tem uma pecularidade que o diferencia dos outros: o seu "hardware", o corpo, é sensível às coisas que o seu software produz. Pois não é isso que acontece conosco? Ouvimos uma música e choramos. Lemos os poemas eróticos do Drummond e o corpo fica excitado.
Imagine um aparelho de som. Imagine que o toca-discos e acessórios, o hardware, tenha a capacidade de ouvir a música que ele toca, e de se comover. Imagine mais, que a beleza é tão grande que o hardware não a comporta, e se arrebenta de emoção! Pois foi isso que aconteceu com aquelas pessoas que citei, no princípio: a música que saía do seu software era tão bonita que o seu hardware não suportou.
Dados esses pressupostos teóricos, estamos agora em condições de oferecer uma receita que garantirá, àqueles que a seguirem à risca, saúde mental até o fim dos seus dias. Opte por um soft modesto. Evite as coisas belas e comoventes. A beleza é perigosa para o hardware. Cuidado com a música. Brahams e Mahler são especialmente contra-indicados. Já o roque pode ser tomado à vontade. Quando às leituras, evite aquelas que fazem pensar. Há uma vasta literatura especializada em impedir o pensamento. Se há livros do doutor Lair Ribeiro, por que se arriscar a ler Saramago? Os jornais têm o mesmo efeito. Devem ser lidos diariamente. Como eles publicam diariamente sempre a mesma coisa com nomes e caras diferentes, fica garantido que o nosso software pensará sempre coisas iguais. E, aos domingos, não se esqueça do Silvio Santos e do Gugu Liberato.
Seguindo esta receita você terá uma vida tranqüila, embora banal. Mas como você cultivou a insensibilidade, você não perceberá o quão banal ela é. E, ao invés de ter o fim que tiveram os senhores que mencionei, você se aposentará para, então, realizar os seus sonhos. Infelizmente, entretanto, quando chegar tal momento, você já terá se esquecido de como eles eram.
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Rubem Alves é escritor, educador e contador de histórias. Escreveu, entre outros, "Livro sem Fim" (Edições ASA), publicado em Portugal, e "Se Eu Pudesse Viver Minha Vida Novamente..."
Adorei a crônica e copiei para o Moksha!!
beijo conscientizado da Melinda

Cepas humanas mutantes

Esta maravilha do século XV, que está em exposição no museu, britânico pertenceu aos tesouros do Império Asteca e pode ter sido usada para abrir o bucho de alguma oferenda humana!A foto está na revista Veja.Set/2009

Por vezes eu sou obrigada a concordar com um certo blogueiro que acredita que a humanidade não deu certo . Se observarmos um pouco mais de perto o comportamento das pessoas, em várias partes desta ervilhinha rotatória de quinhentos e dez milhões de quilômetros quadrados ficaremos perplexos.

Parece que foi ontem que saímos das cavernas. Nesta fase ainda valia a lei do mais forte e o instinto de sobrevivência. Não sei porque razão deixamos de ser chamados primitivos.

Vamos aos fatos:

México, 1507, o Imperador -Deus Montezuma perpetrando sacrifícios humanos da mais alta crueldade. Todo mês do calendário asteca começava com a carnificina protagonizada pelos "sacerdotes" locais. Uma mistura de profetas com feiticeiros modernos. Peitos abertos, corações pulsantes arrancados, peles esfoladas. Entre os favoritos do harém estavam , é claro, mulheres e crianças. E o povo de Tenochititlán? Na torcida.

Tanzânia, 2009. Quanto vale a língua de um bebê albino? Mais de três mil dólares. Se for o bebê inteiro vivo vale uma pequena fortuna. Beber seu sangue quente pode significar muita prosperidade. Pessoas albinas são caçadas e comercializadas como matéria-prima para feitiçaria.

Sim, a África é assim. Repito.Um albino é considerado uma iguaria no mundo da feitiçaria. Quem consome os subprodutos na carnificina? Do pescador à autoridade local!

Quênia, 2009, a mutilação genital de meninas é uma tradição familiar. Com direito a toda liturgia açougueira e "festa". Tem conteúdo moral?

Sul da África, assassinar e torturar crianças com possessão demoníaca( O que seria a possessão demoníaca? Fome? Hormônios? Pobres hiperativos) fica a cabo da própria família . Uma prática corriqueira.

Brasil,tráfico de crianças, turismo sexual, prostituição infantil. Quem consome o produto ?
Tailândia e um certo ministro francês comprando garotos para orgias sexuais. Um certo diretor de cinema famoso. Ninguém próximo da miséria ou da ignorância que poderia aproximar o entendimento sobre toda esta promiscuidade.
O Velho Mundo não está longe da barbárie. De nada adiantam três mil anos de história pra impedir que práticas hediondas e primitivas continuem sendo perpetradas contra crianças em todos os cantos da ervilhinha.
Brasil,2005, menina índia adotada por uma missionária após ser salva de morrer a própria sorte, de fome e sede. Certa tribo da Amazônia condena a morte as crianças com deficiência física. E a Funai?

Se parecem cenas de um filme de ficção-horror, onde zumbis oriundos de cepas humanas teriam gerado um submundo mutante maligno, é preciso lembrar que estes zumbis não estão na telinha , mas embaixo de nossos tapetes.

Nossos discursos não cabem mais no figurino do "bom-mocinho" e seus congêneres que ocupam os púlpitos , palanques ou caminham em procissões.

Nada mudou! Se havia alguma dúvida que , se existe um inferno, seu endereço é o terceiro planeta depois do Sol....

Hipócritas e seu séquito! Às vezes é preciso colocar em perspectiva "presente" e "passado", "bandido" e "mocinho" e fazer um balanço do quanto avançamos ou retrocedemos.

É Juremir! Só mais um dia nublado em Palomas!

beijo estarrecido da Melinda

    Fio  Entrei no absoluto e simples vagar do tempo. Invadi os espaços aparentes que reservei para um dia. Olhei minha própria fa...