sábado, 23 de maio de 2009

reinventando as velhas fórmulas.......


Harmonia se rompe....


Formas não tão claras........


O que é inevitável ? capítulo II



Voltando ao Dr. Marcelo Blaya, autor do programa VIVA. Ao retratar a questão do envelhecimento, o faz também em face de nossa relação com o corpo e sua estética, assim , reproduzo aqui suas palavras " Visitei duas vezes o Ivo Pitangui na Ilha dos Porcos, no Rio de Janeiro. Ele falou de uma pessoa que fez 30 plásticas e ele se recusou a fazer mais uma. A cirurgia plástica tem uma função reabilitadora para consertar um estrago, um acidente, algo assim. E tem outra função encobridora. Se tu não gostares das tuas rugas, do cabelo branco, podes remodelar com plástica, tinta... Mas lá dentro, se tu não gostares de ver que teus sonhos, as fantasias vão ficando cada vez mais longe, não tem como fazer plástica pra isso. Ou aprendes a conviver e a gostar disto que tu já não tens e aproveitar o que tu ainda tens, ou tu vais ser muito infeliz. Este envelhecimento é triste, pobre, mau, que é o de não poder sonhar e viver."
Pego o gancho para apontar três vivências minhas e algumas observações ilustrativas...

1. Convivo com jovens e adolescentes e às vezes fico assustada ao perceber que os sonhos desta galera está irrefreavelmente pontuado pela estética dos envólucros prontos , como dígitos em torno de 45 quilos na balança , corpos com contornos cibernéticos, cabelos lisos de comercial de xampu, o último lançamento da VH, enfim, absolutamente nenhuma conquista individual, pessoal. Nada de indivíduo. Tudo pertence a massa padrão. Meninos sarados com aqueles cabelos esquisitos de cardeal, arrepiados ou os cortes emo-capacetes, tipo cruz-credo. Mais um ítem para sua cesta conjunto vazio.

2. Tenho um grupo de amigos de longa data na academia de ginástica ( sou do tempo) e enquanto nos submetemos a todos tipo de sacrifício, das torturantes esteiras aos aparelhos medievais, praticamos o besteirol sadio da filosofia barata, onde alguns de nós deixam escapar pistas e revelações assustadoras. Caetano tinha razão..." de perto ninguém é normal"....
Um colega e amigo, já da faixa dos ciquenta e uns, do tipo que luta contra a natureza, combatendo um incêndio com conta-gotas disparou.....não namoraria uma gorda....pior ....se sua namorada se tornasse gorda , ainda que por alguma moléstia, ou não apresentasse os parâmetros mínimos aceitáveis da beleza física, não rolaria. Entendeu?
Ter este tipo de convicção no início da descida da montanha do Marcelo, não é privilégio deste ou daquele , mas de muitos bípedes machos e fêmeas.
Isto ilustra o quanto estamos equivocados e presos a coisas tão menores do que a vida.
Nossa existência não pode ser apenas a serviço da perseguição de algo inalcançável. A beleza da juventude evade num fluxo tão sutil que não podemos controlar.
Em compensação as belezas descobertas pela inteligência e sabedoria do olhar são imensamente mais belas e perenes em seu fluxo.

3. Outro dia estive em um certo Asilo de Idosos e presenciei ao filme mais abominável do envelhecimento: o abandono de quem já se abandonou.
Imagem: quatro leitos e adição de alguns ingredientes.
Primeiro leito: senilidade e alienação mais abandono.
Segundo leito: mal de Parkinson, mais tristeza, mais vergonha ,mais abandono.
Terceiro leito: Sonda nasogástrica, mais doença, mais resignação , mais abandono.
Quarto leito: alienação , mais incapacidade física e mental, mais perda completa de qualquer dignidade, mais abandono avassalador.
São instituições que fazem o que podem , ou talvez nem isto.
O médico psicanalista Marcelo Blaya Perez foi o criador da clínica Pinel para pacientes com doenças psíquicas e dependentes químicos. Ele afirma que os pacientes do Pinel o ajudaram a lidar com o louco que havia nele e que agora os pares de sua faixa etária o ajudarão a transitar os próximos 20 ou 30 anos .
Pois bem , acho que precisamos seguir o exemplo e criar o ADAN, adultos anônimos, para que nos auxiliemos mutuamente neste aprendizado de como lidar com as oscilações deste tempo louco que estamos passando neste mundo, tão fugaz.
Ah..quanto ao meu amigão cinquentão malhador contumaz: wake up!
Em todo caso, é bom anotar a sigla VIVA, acho que vamos precisar qualquer dia desses! Não sabemos quando seremos desterrados!
A matéria referida está no endereço:http://www.sinpro-rs.org.br/extraclasse/mai09/ideias.asp

O que é invevitável? Capítulo I


O médico Marcelo Blaya, 84 anos, é o criador do VIVA( Velhos e Velhas anônimos). Já é possível imaginar qual é o perfil do programa. Como envelhecer, lidar com o tempo e a matéria que nos foi legada e , principalmente, com o que fizemos deles.
A idéia de Blaya é difundir e multiplicar grupos do VIVA, que busca melhorar a velhice dos despreparados, em suas palavras " estimular posturas que garantam maior qualidade nessa fase após os 60, nominada por Marcelo como a descida da montanha , onde aparece a maioria dos danos produzidos pelo modo antinatural de viver as décadas iniciais"...
E como é antinatural!!!!....
Gosto de lembrar a sabedoria dos ensinamentos budistas que nos sugere o ciclo natural que é o envelhecimento, sem os alardes patéticos que costumam adorná-lo. Para os orientais ( ôh povinho esperto) o corpo simplesmente começa a desligar-se deste mundo, nos preparando gradualmente para deixá-lo. Os sentidos vão enfraquecendo, como que , desconectando. A visão torna-se difícil, não queremos mais ver. A audição precária nos afasta do que acontece a nossa volta. O tato perde a sensibilidade, o toque fica trêmulo, a pele fica flácida, o paladar insípido, o sabor fica menos intenso, a digestão mais lenta dos dias. A voz muda o timbre, torna-se incerta, o olfato reduz-se e não sentimos tanto o perfume das coisas. Ao respirarmos, a quantidade de oxigênio que entra no cérebro já é de 60% do que era aos 30 anos. A vivacidade é abrandada.O mundo outrora tão instigante torna-se então desinteressante e pálido.
Aparte a licença poética, o fato é que o envelhecimento é o processo que nos leva a uma mudança , a um novo tempo , vamos desembocar em outra etapa da existência. Um novo existir?
Em dados reais, a pirâmide etária de nosso país sofreu uma mudança considerável em seus contornos. A expectativa de vida aumentou , o número de idosos também e o Estado não está preparado para encarar os fatos. Do sistema previdenciário e de saúde ao calçamento das ruas manifesta-se a precariedade. Ah sim , o Estatuto do Idoso, que não ensina como lidar com a pobreza e a miserabilidade, ou com o abandono. Mas não é só este o ponto.
Os responsáveis pelo PIB, os contribuintes, também não estão vendo a questão com atenção. Quando somos jovens olhamos a maturidade e a velhice com impaciência e intolerância. Quando nos tornamos adultos o máximo que vejo que atingimos é a compaixão e o assistencialismo.
Essa forma de sentir me parece o diagnóstico de nossa ignorância e despreparo para o por vir....Póin!
Como este assunto andou me perseguindo a semana toda, continuo com ele no próximo post..




domingo, 17 de maio de 2009

Tântalo e Melinda.....


Eu estava lendo uma matéria que cita o mito de Tântalo( mitologia grega é um prato cheio para o delírio). Utiliza o pobre rei de Corinto como pano de fundo para aludir a vaidade , a arrogância e a soberba. Esta de aspirar a mais elevada perfeição. Não se confunda isto apenas com vaidade. É uma análise muito superficial.
A idealização perseguida por cada um de nós e quase sempre alienada para formas do além mundo é um abismo bastante fundo. Por que? Porque a perfeição absoluta almejada foge a condição humana. Me parece irrealizável. Aquelas pessoas que referenciam este absoluto variam nas mais variadas culturas, na maioria das vezes representadas por mitos ou símbolos religiosos, que acabam por guardar em si a vitória sobre as tentações da matéria.
As maravilhosas tentações da matéria. Eu tenho a tese de que se não estou aqui para usufruir das deliciosas opções da minha condição ( em termos) ......
Agora , o que interessa? As religiões costumam propor uma idolatria a estes "deuses de magnitude desmedida" e uma condição de submissão e resignação dos pobres mortais pecadores e transgressores contumazes. Isto sim é abominável.
O Tântalo( do Ésquilo acho) por sua vaidade desmedida tenta se equiparar a condição de um deus e serve seu filho como iguaria aos deuses. Como punição advém a condenação humana a eterna (e estimulante) insatisfação. A busca . Sempre a busca.
O Tântalo estava no meio do caminho ao desejar chegar a ser como um deus ao invés de curvar-se a eles . A busca não deixa de ser esta, penso!! Acho que já somos deuses. Não! tenho certeza! Se não vivessemos aferrados apenas a ilusão do mundo a frente de nossos olhos, já teríamos encontrado a caixa de ferramentas que abriria o portal verdadeiro a nossa frente.Os poderes do gênio de Aladin seriam coisa de amador! Os iluminados de plantão nos últimos tempos já sabiam disso ......Pobre Tântalo interditado! Acho que os deuses gregos eram humanos demais, nao queriam concorrência!
Tomara que o Mokshinha não esteja se tornando um chato de galochas. Um blog psicótico obstinado por sapatear sobre as mesmas incógnitas !! Melinda quer transmutar-se em autoridade !! Hum!


    Fio  Entrei no absoluto e simples vagar do tempo. Invadi os espaços aparentes que reservei para um dia. Olhei minha própria fa...