quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Palavras enfarpeladas...

As palavras são perguntas e as palavras são respostas. São como cada bloco que pavimenta uma rua ou caminho. São sua estrutura. Assim vejo minha história de palavras. Elas pavoneando-se pelos lados, ao meio e sobre tudo. Eu a espaná-las e esticá-las como elástico.
Em matéria de sedução, acho que são minha última fronteira. Isto porque nos seduzem de dentro pra fora. Nos definem.
Quando olhamos uma palavra por dentro, podemos perceber que tem sentimentos, gostos e sensações. As palavras tem vida própria, ficam tristes, se alegram e se articulam novamente. Somos compositores e orquestradores de palavras. Juntamos , salpicamos algum tempêro e disparamos sobre ondas sonoras, sussurradas, declamadas, recitadas, bradadas. Elas escorrem pelos cantos da boca, escapam entre os dentes e caem mundo afora.
Elas se erguem e se escondem entre as frases. Às vezes se perdem de seu significado ou de qualquer emoção.
Somos a personagem daquele livro pautado, só precisamos borrifar nele a nossa trilha. Derramar nossas palavras repletas com sentimentos gordos e satisfeitos.
Me apaixona a essência visceral das palavras. São palavras voadoras e rastejantes, pulando de todos os lados . Seu papel em minha vida é muito claro. Elas brotam e sacodem o ar.
Palavras nos empurram , nos agarram e nos desintegram. Transformamos nossos pensamentos imateriais em pedaços de impulsos que circulam pelo ar, que vibram em recipientes desavisados. Nos traduzem assim. Palavras são como letras infantis numa ciranda de mãos dadas. Nos costuram aos outros. As letras manuscritas e cimentadas se enroscam e profanam ouvidos quietos.
As vezes penso que vivemos em busca delas. Do algo mais, da palavra explicativa que nos dará a diretriz. Os pensamentos vivem a procura delas, palavras que lhes dêem significado.
Há os que nunca se encontram com a palavra certa e palavras que nunca encontram uma língua que às converta. Há palavras que nunca vamos conhecer intimamente, enquanto outras degustamos até pelo avesso. Não é incrível como escorremos pelos poros das palavras sem nunca conhecê-las todas, sem nunca misturá-las em todas as combinações e sentenças.
Nunca todos os vocábulos, nunca todas as curvas das letras, nem sequer o bastante das palavras podem nos esculpir.Rasgam simplesmente o espaço, constituindo figuras forjadas, arranhando o inteiro .
Como viver, nunca é o bastante....
p@l@vr@ de
melind@

    Fio  Entrei no absoluto e simples vagar do tempo. Invadi os espaços aparentes que reservei para um dia. Olhei minha própria fa...