sábado, 22 de agosto de 2009

Dia do orgulho ateu...


Fábio Fujita inicia a matéria( esquina) na última Piauí com a frase " Sorria !O inferno não existe! A má notícia é que o céu também não" Simpático não? Eu acho!
A boa notícia na realidade é que o Brasil já conta com uma Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, Atea, nascida formalmente em novembro de 2008, estabelecendo em seus estatutos o propósito de defender o ateísmo e combater hostilidades e sanções sofridas por seus adeptos, além de difundir premissas anti-Deus como base de um caminho filosófico consistente.
Eu não sou propriamente adepta do ateísmo, mas acredito que toda forma de crença religiosa é uma limitação grave do exercício da inteligência. Não concebo mais que alguém com um mínimo de bom senso e lucidez se submeta a preceitos dogmáticos e rituais que entendo primitivos e ilógicos. Acho que o erro está na forma como concebe deus.
Os deuses para os quais as religiões alienaram o destino de seus fiéis tornaram-se uma excelente fonte de poder( econômico inclusive) e manipulação( mancheias manchetes Edir Macedo ) . Não fosse apenas isto são uma forma rudimentar de alimentar a grande impostura que vem governando mentes ao longo de séculos.
O presidente da associação é Daniel Sottomaior e aponta que os ateus são alvo de preconceitos, tanto quanto homossexuais e demais minorias porque são associados a um "mal". Acredito que são na realidade uma ameaça às mentes limítrofes que preferem seguir o rebanho. Já pensou se elas tiverem que pensar por si ou se tiverem que arcar com a responsabilidade integral por suas escolhas. Encarar erros e tropeços, falhas de caráter e deficiências humanas pode ser assustador sem os velhos intermediadores e intérpretes.
O mundo não precisa de um Deus previsível, vingativo ou redentor de "pecados". Ah...eu acrescentaria que pecados também não existem. Erros sim.
Religiões são distorções . Religião vem de religare, re + ligar. Ligar novamente. Encontrar seu eslabon perdido , sua essência, sua partícula divina, sua conexão com a vida. Há tantas formas mais saudáveis ,a meu ver, de encontrar o próprio caminho. Enfim. Achei a notícia muito oportuna.
Na Inglaterra uma campanha similar está estampada nas laterais de ônibus sob o slogan There's probably no God. Now stop worrying and enjoy your life - "Provavelmente Deus não existe. Agora pare de se preocupar e aproveite a vida." No Brasil a idéia seria ,segundo o presidente da associação Sottomaior : "Sorria! O Inferno não existe" ou "Você é quase tão ateu quanto nós. Quando entender por que não acredita em todos os outros deuses, saberá por que não acreditamos no seu."
O Dia do Orgulho Ateu, é 12 de fevereiro em alguns países, em homenagem ao nascimento de Charles Darwin, pai do evolucionismo e inimigo número 1 do criacionismo.
Bom , o tema é árido, mas o que importa é que está na pauta. Justamente porque é um passo importante , um avanço em direção a evolução da Humanidade.

Machismo é dose.......


sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Liberdade? Será?

Será que a tão sonhada liberdade a que almejamos
não é mais do que um sonho sonhado a distância;
Um cálculo preciso que nos detém serenamente na
platéia impotente e confortável;
Será possível que não existimos senão
como frequentadores cativos de uma grande loja de departamentos
que nos seduz contínua e permantentemente com suas ofertas
demasiado banais e iguais ;
Parece que estamos plugados a esta vitrine
sem a qual não suportamos a vida .

Será que esta liberdade só pode existir em um
sonho sonhado só, posto que
desconstruímos os muros para imediatamente
restaurá-los e fortalecer nossas conexões ;
Erguendo nossa jaula expomos nossa credencial,
aprisionando nosso instinto e agregando
em um coletivo forjado em platitudes,
vivido estanque, como se o real e nosso fosse
apenas latente;
Estamos condenados a ser previsivelmente nulos de originalidade
e finalmente perceber que o que nos
torna únicos e nos diferencia para sempre do todo é a evidência de
nossa consciência plena e arrasadora da realidade, ainda que por
uma fração de segundos, um encontro ao acaso ou pela eternidade de um poema.
Beijo cativo da Melinda

''Liberdade, essa palavra
que o sonho humano alimenta
que não há ninguém que explique
E ninguém entenda que não.''
Cecília Meireles

"O homem é nada antes de definir-se como algo, e é absolutamente livre para definir-se, engajar-se, encerrar-se, esgotar a si mesmo"
Sartre
Será?

Alguns momentos são ímpares, como o hiato indefinível de Adriano...

Animula vagula, blandula,
Hospes comesque corporis,
Quae nuc abilis in loca
Pallidula , rígida, nudula,
Nec, ut soles , dabis iocos...

P/ Elius Hadrianus, Imp

Pequena alma terna flutuante
Hóspede e companheira de meu corpo,
Vais descer aos lugares pálidos duros nus
Onde deverás renunciar aos jogos de outrora

P. Èlio Adriano, Imp.

( "As Memórias de Adriano"- Marguerite Yourcenar)

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Adeus Betina

Há cerca de três meses eu acolhi um maravilhoso tufo de pelos pretos lisos, uma mistura de Capitão Caverna com furacão Katrina. Era uma cadelinha descamisada e perdida a quem dei o nome de Betina. Lembrei da humildade da personagem Betina Botox( do Terça Insana acho) no youtube e ela gostou do nome, caiu como uma luva. Uma mistura de charme e modéstia. Enfim, passei semanas colocando cartazes a procura dos legítimos proprietários da Betina, uma bela cruza de puddle com yorkshire, que a veterinária avaliou como tendo uns 10 meses. Foi em vão.
Então dei-me conta de que a Betina era mais um caso daqueles em que as pessoas adotam bichinhos e quando se tornam inoportunos simplesmente os esquecem e abandonam. Não há algo mais triste do que uma conduta destas. Pessoas abandonam filhos, pais idosos , doentes mentais , porque não abandonariam animais... Animais não falam e nem cobram condutas morais ou éticas. Eu disse pessoas? Desculpe...Não entendo os sentimentos dessa ordem de seres vivos . Essas criaturas não leram " O Pequeno Príncipe". Não tem noções elementares de responsabilidade. São assustadoras até.
O fato é que pensei que seria fácil encontrar um lar adotivo para a bichinha porque ela é extremamente doce e meiga, seria capaz de conquistar o amor de algum humano como já havia conquistado o meu. Facilmente. Também pensei que seria fácil deixá-la ir.
Quando dei por mim a Betina já estava apoiando a cabeça no meu pé e me seguindo por toda parte, como uma guardiã. Ela me adotou . Me seguia com os olhos por todos os lados e ficava indignada se o Stuart chegasse na frente em alguma brincadeira. Demonstrou ser craque com a bola e fez todas as acrobacias possíveis para conquistar o coração do amigo Stuart. Ela mostrou quem dava as cartas. Macho alfa . Ocupou um grande espaço por aqui, principalmente com o enorme afeto e carinho que os filhotões tem. Sempre achei que , sem querer ser melodramática, os animais são uma lição constante. Sempre se mostram dispostos a superar qualquer impasse. Seguem em frente.
Quase três meses e a Betina não havia encontrado uma nova família. O Stuart estava de mal com a vida e eu já estava avaliando a possibilidade de ficar com ela, ainda que soubesse que não era uma decisão sensata. Deixei a questão esfriar e coloquei no meu mundo mental que precisava encontrar um lar legal para Betina. É impressionante como devemos cuidar o que pensamos e desejamos. Shazan.
Ontem este dia chegou e foi bastante duro! Nós duas sofremos , provavelmente mais eu do que ela. Meu coração ficou partido e a quadrúpede deixou um vazio e muitos pêlos em casa. O Stuart está comemorando até agora. Recuperou sua supremacia doméstica.
Ela foi para um lar com crianças , avó e espaço. Tudo que os cachorros amam! Mas eu vou morrer de saudades e torcer para que ela seja muito feliz. A Betina seguiu em frente, como tudo na vida.
beijo melancólico

domingo, 16 de agosto de 2009

Um domingo iluminado e caliente................


Simulacros atrás da cama...

Eu sempre detestei fazer minha cama. Hoje resolvi discutir nossa relação( minha e da cama) quando estava executando esta tarefa completamente inútil, mas que executo diariamente, tentado usar requintes do manual do camólatra. Tem outra coisa, eu não gosto que outra pessoa faça isso. Sinto-me invadida. Resolvi ir fundo na questão. São muitos anos de parceria que não podem ser tratados com desleixo.

Se considerar que passamos no mínimo um terço de nossas vidas na cama e mais algumas porções fazendo e desfazendo e até fazendo outras coisas. Ah...pensou sacanagem? Eu pensei em livros tá? Eu adoro ler antes de dormir. Também pensei em assistir TV, afinal também assisto TV na cama. Tolinho! Está aí sempre a imaginar que meus pensamentos são pura malícia. Mas vá lá, também vamos colocar o tempo em que fazemos estas outras coisinhas de alcova, e que também não é pouco. Ah, lembrei do tempo que ficamos na cama porque ficamos doentinhos, indispostos. É para nosso leito que corremos e tem gente que ainda gosta de chorar na cama que o lugar é quente. Imagina quanto tempo ficamos nos relacionando com o berço esplêndido? Credo. É uma relação de amor e dependência, de posse que temos uma pela outra. Morfeu, minha cama e eu somos um case!

Eu ainda teria que colocar um pouco mais do que este tal um terço( que inventaram pra vender colchões) porque acho que dormir oito horas é um absurdo. Imagino que o ideal seria dez, no mínimo. Já fui a doze, claro,mas isto não revelo, faz mal para o currículo. O que não iriam dizer aqueles xiitas que escrevem livros sobre saúde e comportamento.Aqueles terroristas anti-dorminhocos que ficam fazendo apologia das manhãs, dizendo como é bom e saudável acordar cedo e que " deus ajuda quem madruga". Isto é tortura ! Certo? Será que este pessoal não tem compaixão!Eu li um crônica inesquecível quando tinha cerca de 16 anos, na Seleções, cujo título era " Por que eu odeio as manhãs". O protagonista trava uma perseguição implacável ao mísero verme que inventou as manhãs. Percebi que não estava sozinha.

Confesso que me senti vingada pelo Jô Soares, um notívago assumido e um amante da cama em horários nada ortodoxos, por razões óbvias. Ele foi um desbravador do tema e quebrou tabus ao assumir perante as câmeras que dormia tarde e acordava muiiiiittttoooooo tarde .
É claro que eu não sou âncora de um Talk-Show às duas da madruga, mas isto é só um detalhe.
É por isso que fiquei pensando por que não gosto de fazer a cama? Cheguei a conclusão (após esse estudo profundo) de que fazer e desfazer a cama significa um momento de separação. Um trauma. Talvez me reporte ao momento do nascimento. Nascemos todos os dias. Tá bom alguns. Há também uma chance considerável de não acordar. Isto sim que você pensou. A experiência da morte. Ficou com medinho? Macacosmemordam! Acho que estou me excedendo.

O fato é que ao acordar pela manhã e sair daquele lugar quentinho, gostoso, macio e maravilhoso, quando não é mais, fazemos a cama para garantir que não vamos nos entregar a evanescente senhora de nossos sonhos novamente. É um momento de negação. Superamos, nos entregamos ao dia e a esquecemos. Fazer a cama torna-se um momento onde elaboramos o desfazimento de nossas conexões com os devaneios, a fantasia enebriante e com extraordinário domínio do inconsciente. Na hora de dormir , após termos vencido todos os apelos e barreiras da separação, quando imaginamos que estamos praticamente a salvo , curados de nossa dependência câmica...putaquepariza-se tudo, percebemos que ela ainda está dando as cartas e que vamos sucumbir a sua sedução . Off. Perecemos (traídos pelo sono) atirados a nossa própria sorte, de volta ao ciclo de vida e morte, enquanto só ela permanece vigilante( cama). Acha que já estou sendo dramática?
Dos dezesseis mil quinhentos e cinquenta e nove dias que vivi, foram dezesseis mil quinhentos e cinquenta e nove noites ( e pelo menos dez mil camas arrumadas). Isto sem contar é claro os nove meses que fiquei dormindo antes de nascer. Portanto, não dá para menosprezar. São mais ou menos cento e cinquenta mil horas de cama. É uma longa história de sonhos, afagos, aconchego e carinho mútuos. Ela já me levou pra voar sobre montanhas e mares, me colocou pra viajar em lugares fantásticos, me fez dançar, cantar, chorar, sentir medo, ficar muda , virar bebê e um sem número de experiências insólitas e outras quase sólidas. Já me fez viver romances com o Harrison Ford e o Marcelo Antoni, só para citar os mais populares e também já me fez andar sem corpo por aí. Já me ajudou a tomar decisões e me fez dizer coisas que eu pensei que não seria capaz. Me viu falar dormindo e também babar no travesseiro. Já foi minha cúmplice e não " fez minha cama" quando me pegaram dormindo no ponto. São muitas histórias que vivemos juntas.

E ainda vem a parte mais dramática, daqueles que saem da cama e pensam que vivem acordados, mas permanecem dormindo e vivem como zumbis, totalmente dominados, títeres do mundo moderno. Não! Não estou me referindo a você! Falo daqueles que passam o tempo do dia inconscientes, aquele interregno entre uma noite e outra sem viver a vida , sem aproveitar cada momento. Não você não é assim né!

O fato é que eu já estou me estendendo demais e já encontrei muitas vertentes sobre o assunto, e tudo começou simplesmente porque eu tenho que arrumar minha cama todos os dias. Eu sempre deixava uma parte amassada ou uma ponta solta e alguma parte mal estendida ( de propósito?) e pensava justamente que na próxima eu arrumaria melhor, afinal daqui a pouco tem que desfazer(imediatista).....E aí putaquiparilizou-se. E se não houver outra noite? E se for a última vez que nos encontramos, minha cama e eu?

Você deve convir que não é pouca coisa enfrentarmos todas estas experiências neopsicosociofilosoficas por uma existência e mais a eternidade e não nos revoltarmos nem um tiquinho sequer?

Sendo assim, agora que discutimos nossa relação com você , uma pessoa que sempre vê as coisas, com imparcialidade e tem bom senso para compreender a situação, ficou tudo mais claro e eu decidi que vou acabar este post aqui e com meu coração sossegado. And the oscar go to "Minha caminha ortopédica e antialérgica , minha confidente e amiga de todo sempre"!
A próxima vez que eu me acordar, amarrotada e em transe e tiver que abrir as janelas, retirar as cobertas, mover tudo, estender lençóis e espichá-los a exaustão vou pensar na nossa conversa e que é muito bom .

Beijos sonolentos

    Fio  Entrei no absoluto e simples vagar do tempo. Invadi os espaços aparentes que reservei para um dia. Olhei minha própria fa...