Há cerca de três meses eu acolhi um maravilhoso tufo de pelos pretos lisos, uma mistura de Capitão Caverna com furacão Katrina. Era uma cadelinha descamisada e perdida a quem dei o nome de Betina. Lembrei da humildade da personagem Betina Botox( do Terça Insana acho) no youtube e ela gostou do nome, caiu como uma luva. Uma mistura de charme e modéstia. Enfim, passei semanas colocando cartazes a procura dos legítimos proprietários da Betina, uma bela cruza de puddle com yorkshire, que a veterinária avaliou como tendo uns 10 meses. Foi em vão.
Então dei-me conta de que a Betina era mais um caso daqueles em que as pessoas adotam bichinhos e quando se tornam inoportunos simplesmente os esquecem e abandonam. Não há algo mais triste do que uma conduta destas. Pessoas abandonam filhos, pais idosos , doentes mentais , porque não abandonariam animais... Animais não falam e nem cobram condutas morais ou éticas. Eu disse pessoas? Desculpe...Não entendo os sentimentos dessa ordem de seres vivos . Essas criaturas não leram " O Pequeno Príncipe". Não tem noções elementares de responsabilidade. São assustadoras até.
O fato é que pensei que seria fácil encontrar um lar adotivo para a bichinha porque ela é extremamente doce e meiga, seria capaz de conquistar o amor de algum humano como já havia conquistado o meu. Facilmente. Também pensei que seria fácil deixá-la ir.
Quando dei por mim a Betina já estava apoiando a cabeça no meu pé e me seguindo por toda parte, como uma guardiã. Ela me adotou . Me seguia com os olhos por todos os lados e ficava indignada se o Stuart chegasse na frente em alguma brincadeira. Demonstrou ser craque com a bola e fez todas as acrobacias possíveis para conquistar o coração do amigo Stuart. Ela mostrou quem dava as cartas. Macho alfa . Ocupou um grande espaço por aqui, principalmente com o enorme afeto e carinho que os filhotões tem. Sempre achei que , sem querer ser melodramática, os animais são uma lição constante. Sempre se mostram dispostos a superar qualquer impasse. Seguem em frente.
Quase três meses e a Betina não havia encontrado uma nova família. O Stuart estava de mal com a vida e eu já estava avaliando a possibilidade de ficar com ela, ainda que soubesse que não era uma decisão sensata. Deixei a questão esfriar e coloquei no meu mundo mental que precisava encontrar um lar legal para Betina. É impressionante como devemos cuidar o que pensamos e desejamos. Shazan.
Ontem este dia chegou e foi bastante duro! Nós duas sofremos , provavelmente mais eu do que ela. Meu coração ficou partido e a quadrúpede deixou um vazio e muitos pêlos em casa. O Stuart está comemorando até agora. Recuperou sua supremacia doméstica.
Ela foi para um lar com crianças , avó e espaço. Tudo que os cachorros amam! Mas eu vou morrer de saudades e torcer para que ela seja muito feliz. A Betina seguiu em frente, como tudo na vida.
beijo melancólico
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