sábado, 21 de março de 2009

Moksha: non hilum

Esta é uma foto registrada pelo Hubble, só para lembrar nossa insignificância ou nosso significado perante todo o resto. Uma questão de ponto de vista. O fato é que ela fala por si só. Olhe um pouco para ela, penetre, vá fundo.

Sobre o Blog:
Bom, com um nome tão absurdo como este, um blog só poderia ser um bom esconderijo para uma covarde incorrigível como eu. Nada como um bom tema cifrado que nos permita não sair da zona de conforto.

Libertação, estado de consciência descondicionado dos estados da mente ou pensamento (moksha), expressão que reporta à antiga cultura dos Vedas( roubei das minhas aulas de Yoga): absolutamente nada(non hilum), expressão do latim, língua mãe da nossa palavra ( me achou ao acaso). Uma cruza de latim com sânscrito......, tipo recorta e cola ou  pode ser  que partindo da vacuidade seja possível encntrar algo que já nos pertencia perdido por aí... 

Pura alquimia verborrágica para poder especular .

Entretanto, acredito que quando chegamos ao absolutamente nada , aí realmente estamos livres, estamos em contato com o que existe de relevante e não com a ficção estética do mundo que "cremos" ser real. Conseguimos nos mover dentro de um nova ótica, revelada pela consciência desperta( seja lá o que realmente isto significa).


Este não é meu manual de certezas, mas de experimentos. É como dizer que o Universo está para o Big Bang ou que o Stephen Hawkins está para astrofísica.


Um caminho bastante controvertido, sem seguro contra perdas ou danos, ou seja, não há certificado de garantia ou conclusão e nunca ninguém provou como uma verdade cartesiana. Quando viajamos em direção a verdade de nós mesmos e nos aproximamos deste "non hilum" estamos trilhando por um atalho. É um risco. Esta é a parte legal de descobrir-se em tudo o que há, tendo o mundo como um grande campo experimental, um enorme parque de diversões( basta querer e temos acesso a todos os brinquedos).

A palavra é a tradução para a linguagem da razão de tudo aquilo que nossos sentidos carregam para dentro de nós, daí porque estou jogando estas aqui.


Então........o que interessa ? Estou falando sobre isto porque nos últimos tempos minha vidinha tem sido pontuada por estes focos luminosos. Alguns furinhos na cortina. Aí começo a me dar conta de que não é só isso. Os rótulos , as placas e as embalagens, os sorrisos de plástico esculpidos ad eternum.......hum

Outro dia em um blog eu lia o comentário sobre um filme chamado "waking life" ,(assisti) onde o protagonista simplesmente não consegue acordar , ou ainda, não consegue perceber quando está sonhando e quando está realmente em estado de vigília. Enfim, aproveitei a carona para colocar isto na pauta. É como assistir ao Matrix e sentir como o Neo quando lhe cortaram as conexões que o prendiam a toda a ficção e ao controle do sistema. Tudo uma questão de percepção, acho que o pontinho luminoso aumentou e virou um rasgão. Como é o fluxo que transita entre a ficção e a realidade ?

Enfim...como diz uma grande amiga, a carrocinha da Cinderela está sempre passando, é pegar ou largar!

Podemos tentar entender o papel de Lady Mc Gregor ou seguir como aquele ratinho na gaiola , condenado a correr naquela roda . Sem chances.

Existem centenas de tesouros escondidos além das tampinhas de nossos olhos...é " só " libertar-se( dos padrões, preconceitos, rótulos, máscaras, medos, do Pato Donald, da Alice e o escambau que acumulamos durante uma vida) e sufocar o Ego até que não respire mais. Parada simples.
Somos mesmo todos alunos e professores , espelhos e imagens, ímãs e metais, água e esponja. Estamos um para o outro , assim como a vida e toda a energia que a anima está para nós. Este é o grande lance.

Ah! Antes que eu esqueça, não , eu não tenho uma religião. Aliás sou um pouco avessa a dogmas de qualquer espécie. Mas acho importante re + ligare. É preciso buscar " el eslabón" perdido em algum capítulo desde o ovo cósmico........passando pelo Chapéuzinho Vermelho até chegar a esta bolinha multicivilizacional e intermitente .

Que tal?


O ser pelo ser em qualquer tempo...


Para começo de conversa penso que a auto-definição de Adriano , personagem de Marguerite Yourcenar no livro " Memórias de Adriano ", compreende a síntese de tudo que cada um de nós já pensou ou sentiu sobre si em algum momento.........Ontológico.....
" A paisagem dos meus dias parece compor-se , como as regiões montanhosas, de material heterogêneo desordenadamente acumulado. Aí encontro minha natureza, já realizada, formada por partes iguais de instintos e de cultura. Aqui e ali surgem os granitos do inevitável e, por toda parte , os desmoronamentos do acaso. Esforço-me por voltar sobre meus passos para tentar encontrar um plano inicial e seguir um veio qualquer , de chumbo ou de ouro, ou mesmo o curso de um rio subterrâneo, mas esse plano inteiramente fictício não é mais que uma aparência enganosa da lembrança. De quando em quando, julgo reconhecer uma fatalidade num encontro, num pressentimento, numa série definida de acontecimentos,mas muitos caminhos não conduzem a parte alguma e muitas somas não se adicionam jamais. Distingo perfeitamente, nessa multiplicidade e nessa desordem, a presença de uma pessoa, mas seus contornos parecem traçados quase sempre pela pressão das circunstâncias e seus traços baralham-se tal como acontece com uma imagem refletida na água. Não sou daqueles que dizem que suas ações não se lhes assemelham. Pelo contrário. É imprescindível que elas se pareçam comigo, porque são minha única medida e o único meio de me delinear na memória dos homens, ou na minha própria, pois que a impossibilidade de continuar a exprimir-se e a modificar-se pela ação é talvez a única diferença entre os mortos e os vivos. Mas entre mim e esses atos de que sou feito, existe um hiato indefinível. A prova disso é que experimento continuamente a necessidade de pesá-los, explicá-los e deles prestar contas a mim mesmo........." Marguerite Youcenar

    Fio  Entrei no absoluto e simples vagar do tempo. Invadi os espaços aparentes que reservei para um dia. Olhei minha própria fa...