domingo, 1 de agosto de 2010

Tudo pode dar certo...

Assisti ao filme "Tudo pode dar certo" do Wood Allen neste final de semana. Gostei, como de quase tudo que ele já fez. E ainda dá pra traçar um paralelo com o livro do Roth (A Humilhação) que eu acabei. Ambos abordam a velhice. Ambos abordam um "suicídio". Ambos os protagonistas, um tanto misântropos, vão encontrar seus destinos. Tanto Axler(ator) quanto Boris (um físico) saem dos seus eixos e vão buscar no outro extremo de suas vidas um refúgio. Mas, claro a abordagem de Allen é totalmente outra.
Eu adoro o humor dos filmes de Wood Allen com aqueles textos que transbordam inteligência e a acidez do personagem Boris Yellnikoff (Larry David) é super bem dosada.
Ele simplesmente rompe a cena e conversa com a platéia. É uma forma inesperada, mas acaba sendo super legal. Mas por mais que ele despeje sua arrogância pessimista há um intervalo de doçura que o torna quase íntimo e confiável.
Fiquei impressionada. Há cenas perfeitas como aquela em que ele tenta encontrar sentido em seu encontro com Melody(Evan Rachel Wood) , a garota caipira do Mississipi que envolve a todos por sua suavidade autêntica. Como duas pessoas tão diferentes, cada uma fugindo de sua história, acabam se encontrando e alterando a vida uma do outra.
O Boris é um quase suicida, quase nobel e atual professor de xadrez de garotos que ele despreza.
A Melody é uma ex miss que não entende muito o que Boris diz, mas toma tudo como sua própria verdade. Aceitando humildemente ser discípula de suas teses, mesmo sem entendê-las.
Pouco a pouco outros personagens também vão ser transformados pela cidade de NY, ao bom estilo do diretor. Rompendo tabus com sua crítica mordaz.
Beijo surpreso
da melind@

Envelhecimento...

Eu ontem terminei de ler "A Humilhação", de Philip Roth". Confesso que fui com sede ao fim do pote e esperava mais. Fiquei esperando um episódio que alterasse o rumo de Axler, que protagoniza um ator já passado dos sessenta anos e que não consegue mais atuar. Em um determinado momento ele passa a não caber mais dentro da própria vida. Entropia.
O caminho que Axler percorre para a morte passa por um momento de retomada da vida , mas soa irônico e um tanto falso. O protagonista só consegue ser autêntico quando aborda seu declínio. Algo parece postiço no romance que ocorre entre Ax e uma lésbica quarentona.
Mas eu gostei de experimentar aquela catárse onde não se consegue mais convencer no próprio papel . Nosso homem teve uma carreira gloriosa no teatro e estranhamente passou a não conseguir atuar ,nem mesmo no próprio personagem. Perdeu o texto de sua vida. Que medo!
Fiquei pensando no aspecto pesado do título " A Humilhação".
Envelhecer(tema que transborda ) atualmente é como fazer MBA na área de gestão da própria vida. Não tem clichê. Cada um por si.
Não vejo decrepitude nem humilhação passando por perto.

    Fio  Entrei no absoluto e simples vagar do tempo. Invadi os espaços aparentes que reservei para um dia. Olhei minha própria fa...