sábado, 29 de agosto de 2009

Carta aberta à mente oculta..


Precisamos ajustar umas contas. Tem dias que eu estou desligada e pronto! Fico em off simplesmente por períodos nos quais "enches o saco" e desligas o botão de mim! Um vexame! Fico em pânico porque às vezes preciso fazer algo um pouco mais complexo e póin... me dou com o conjunto vazio pela cara e não tem intersecção. Te segura no pincel porque a escada saiu!
Quem precisa de um subconsciente, mancomunado com partes mundanas do cérebro, se divertindo e enviando mensagens cifradas, usando pessoas mata-borrão para compor personagens feitos de mim mesma.

Eu não estou entendendo a tua atitude. Já faz dias que eu quero me encontrar contigo para que possamos tomar algumas decisões nas quais preciso de algumas ferramentas que só tu tens e nada!!! Por onde andas?

Nas duas últimas vezes que nos vimos foi um pesadelo. Na primeira tu estavas pintando a minha casa com esmalte baunilha cintilante, sabotando toda a arrumação que eu penso que estou fazendo na minha vida. Na outra me deixaste subindo e descendo escadas em um edifício escuro que era , na verdade, um beco sem saída. Um filme de terror onde fico tentando arrumar a casa e tu só me confundes. Sei que são os teus prediletos.

Deves entender que eu preciso de atenção, isto sim, já perdi um pote de bananinhas desidratadas, perdi um par de sapatos e também uma blusa, isto para não falar do horário da consulta do ginecologista. Todos caíram no buraco negro da tua ausência irresponsável.

Literalmente, parece que estou morando com o inimigo, e pensar que preciso contar contigo.Ficas esperando eu dormir para falar coisas pelas minhas costas. Porque não conversas comigo frente à frente e falas logo o que queres dizer . Estou até disposta a transigir.

Estais como meu aurélio virtual, que se nega a me dar respostas.

Estamos tão próximos e ao mesmo tempo tão distantes. Vivo uma vida com um estranho que me impede de ouvir coisas importantes, me distraindo com besteiras e ativando pensamentos invasores que me desconcentram e fazem perder horas. Qual é a tua ? Será que eu tenho que estar sempre te paparicando . Não posso perder dois segundos de consciência que tu me crias um problema.

E quando preciso estudar então. Ultimamente só queres ler tuas preferências e a vida não é assim. Não podemos viver só de prazeres. Já deverias ter aprendido que não posso viver sempre em função dos mesmos neurotransmissores. Temos que fazer novas conexões e estabelecer novas sinapses. Vida nova.

Preciso dizer que és pura desorganização, não hierarquizas teus comandos e acabo vivendo em permanentes crises. E não me vem com esse papo de que o caos tem sua própria ordem. Chega!

Vou te dar um aviso, ou tu assumes o teu posto ou vou te enfiar um remédio amargo goela abaixo, às vezes acho que o teu caso só com lobotomia.

Se continuares colocando armadilhas para eu me estrebuchar vou te arranjar um tratamento de choque. Juro!

Não sei se não vamos acabar com um alemão entre nós.....é aquele Al alguma coisa que anda aterrorizando os distraídos por aí.

Acho que vou te colocar num treinamento coaching, vou te fazer uma programação neurolingúistica. Te levar a um adestrador profissa. Te deixo aqui com esta reflexão que recortei de uma revista de abobrinhas . Pode ser que tu compreendas..


"O verdadeiro conhecimento é muito maior e está submerso nas águas do inconsciente e do subconsciente".


Vê se não te afoga! Te cuida!


beijo lobotomizado da melinda

domingo, 23 de agosto de 2009

"prenez soin de vous" ou "cuide-se"

Era uma vez um romance entre um escritor e uma artista, Grégoire Bouillier e Sophie Calle...

Bem, a história abaixo é uma das coisas mais originais que eu já li. Isso é que eu chamo de dar a volta por cima em grande estilo. A criatividade das mulheres nunca para de surpreender. O e-mail abaixo extraído da Revista Bravo é o bilhete azul que a nossa heroína teve que engolir de seu amado ( e digerir).
O interessante é que ao invés de reagir como qualquer mulher frustrada com o rompimento de seu relacionamento amoroso, Sophie usou a carta para criar uma instalação de arte na forma de vídeo , fotos e textos. A partir daí nasce uma investigação sobre o amor e suas razões, o que nos leva ao desfecho desta história.
Ela entregou a carta a inúmeras mulheres ( mais de cem) e uma cacatua para que estas mulheres interpretassem ( e também a ave) e fizessem uma releitura, uma performance, dança , música , poesia enfim a partir de suas compreensões( para ser simplista). Resultado, uma instalação que está acontecendo em São Paulo ( no Sesc). Entre as convidadas há uma fauna interessante, começando pela cacatua( olha que louca). Há uma estudante de 9 anos, uma criminologista, a mãe da artista, artistas de cinema, rapper, bailarina, vidente, locutora de rádio e inúmeras outras versões.
O Don Juan também escreveu um livro sobre o tema e em Paraty haverá um encontro dos pombinhos. Achei a história muito original. Por isso que eu acho que a humanidade deu certo, porque há pessoas que conseguem golpear os clichês no fígado.
Ela fez como a música do Nando Reis " tornar um amor real é expulsá-lo de você para que ele possa ser de alguém"...

"Cuide-se"
O e-mail em que Grégoire Bouillier(o amado ) rompe com Sophie Calle ( nossa heroína):

"Há algum tempo, venho querendo responder seu último e-mail. Na verdade, preferia dizer o que tenho a dizer de viva voz. No entanto, vou fazê-lo por escrito.

Você já pôde notar que não estou bem ultimamente. É como se não me reconhecesse em minha própria existência. Sinto uma espécie de angústia terrível, contra a qual não consigo fazer grande coisa, exceto seguir adiante para tentar superá-la. Quando nos conhecemos, você impôs uma condição: não ser a 'quarta'. Eu mantive o meu compromisso: há meses deixei de ver as 'outras', não achando logicamente um meio de vê-las sem transformar você em uma delas.

Pensei que isso bastasse. Pensei que amar você e que o seu amor — o mais benéfico que jamais tive — seriam suficientes. Pensei que assim aquietaria a angústia que me faz sempre querer buscar novos horizontes e me impede de ser tranquilo ou simplesmente feliz e 'generoso'. Pensei que a escrita seria um remédio, que meu desassossego se dissolveria nela para encontrar você. Mas não. Estou pior ainda; não tenho condições nem sequer de lhe explicar o estado em que mergulhei. Então, nesta semana, comecei a procurar as 'outras'. Sei bem o que isso significa para mim e em que tipo de ciclo estou entrando. Nunca menti para você e não é agora que vou começar.

Houve uma outra regra que você impôs no início de nossa história: no dia em que deixássemos de ser amantes, seria inconcebível para você me ver novamente. Você sabe que essa imposição me parece desastrosa, injusta (já que você ainda vê B., R.,…) e compreensível (obviamente…). Com isso, jamais poderia me tornar seu amigo. Você pode, então, avaliar a importância de minha decisão, uma vez que estou disposto a me curvar diante de sua vontade, ainda que deixar de ver você e de falar com você, de apreender o seu olhar sobre os seres e a doçura com que você me trata sejam coisas das quais sentirei uma saudade infinita. Aconteça o que acontecer, saiba que nunca deixarei de amar você do modo que sempre amei desde que nos conhecemos, e esse amor se estenderá em mim e, tenho certeza, jamais morrerá.

Mas hoje seria a pior das farsas manter uma situação que, você sabe tão bem quanto eu, se tornou irremediável, mesmo com todo o amor que sentimos um pelo outro. E é justamente esse amor que me obriga a ser honesto com você mais uma vez, como última prova do que houve entre nós e que permanecerá único.

Gostaria que as coisas tivessem tomado um rumo diferente.

Cuide-se."

(revista Bravo!)
Snif ela não vem aqui em Findomundópolis!

Pra você guardei o amor......

    Fio  Entrei no absoluto e simples vagar do tempo. Invadi os espaços aparentes que reservei para um dia. Olhei minha própria fa...