domingo, 2 de janeiro de 2011

Conjugando novos verbos

São muitos os verbos que  almejo conjugar  neste ano, aliás são novos encaixes de letras que eu já venho procurando avidamente há tempos, não sei quanto.
Um deles é aceitar e acredito que conjugar internamente este verbo é um processo lento e permantente.Aceitar os passos que dei até aqui e o tanto que usufrui das minhas escolhas. Aceitar quem me tornei e a iminente possibilidade de deixar de ser. Tenho um velho amigo argentino que costuma dizer que " para chegar a ser o que não é , é preciso deixar de ser o que é". Abandonar o fardo da permanência e da constância é permitir-se.
Almejar vem de dar a alma e esta não poderia ser uma abordagem mais fidedigna para algo que se define no interno. Colocar a alma em uma nova proposta.
Um livro de Luís Tejon chamado "O beijo na realidade" ensina que só podemos mudar qualquer conceito a partir do reconhecimento e aceitação da própria realidade e conhecer a realidade dissociada da cosmética da ficção é um exercício permantente de lucidez e disciplina.
É fácil observar nas pessoas próximas que nos querem bem a ânsia contínua para ver-nos enquadrados em algum padrão. Parece que somos sempre submetidos a um quadro comparativo no qual temos que nos encaixar, ainda que seja apenas por aproximação.
Estamos sempre sendo subjulgados aos anseios de nossos espelhos, que criam expectativas de que sejamos capazes de forjar um alguém equiparado ao senso comum que eles mesmos não alcançaram. Talvez por isso, ainda que inconscientemente, persigamos um ideal sem nos dar conta de que tal quimera não existe. Criamos uma imagem que acaba sendo uma prisão pois temos que sustentá-la haja o que houver.  Por isso quero conjugar também o verbo reinventar porque o antídoto para sair do ciclo é a própria reinvençao ou ainda a aceitação da individualidade. Nada se repete.
Quero colocar as expectativas em alguma gaveta que nunca abro, deixar que permaneçam lá  esquecidas até tornarem-se apenas fugazes lembranças.
Ontem eu assisti um filme chamado " Almas a venda"  que achei, no mínimo, curioso. Trata-se de uma empresa especializada em extrair e armazenar as almas das pessoas a fim de que estas sentissem mais leveza, ou seja, removeriam o peso da alma. A empresa também oferecia a oportunidade de transplantar a alma de outro ser, um doador, a fim de que o cliente podesse experimentar outras energias. Só que ao final vamos descobrir que sem o 'peso' da alma perdemos nossa substância mais preciosa.
A certa feita o vendedor da idéia argumetou usando uma associação muito pertinente. "Um elefante ( de circo) é amarrado pela pata  desde pequeno a um toco e acostuma-se a estar preso. Quando cresce , embora aquele toco não seja mais capaz de detê-lo, permanece ali preso".
Isto chama-se condicionamento. Então é preciso remover os condicionamentos que acumulamos de nossas experiências passadas e dos ensinamentos que recebemos aceitando-os e a partir disto buscar forjar uma nova percepção de nós mesmos.
Muitas vezes o meio no qual vivemos nos torna escravos desta falsa percepção.É como se fóssemos dados viciados. Embusteiros que obstruem a expansão da nossa consciência. Ficamos vibrando na velha frequência e emitindo os mesmos impulsos e consequentemente recebendo de volta . Forma-se assim um ciclo interminável, como cães correndo atrás do próprio rabo. Um telefonema e assumimos logo nosso condicionamento, uma palavra e automaticamente lançamos mão daquele persona conhecido.
Por isso quero conjugar também o experimentar, a fim de abrir totalmente a guarda às novas receitas e combinações de cores e sabores.
Quero uma overdose do verbo mudar, do transformar , do abraçar , do acreditar. Isto, acreditar, dar crédito a mim e enfim confiar. Faço novo contrato comigo, com novas cláusulas e com muitas cláusulas abertas a resultados imprevisíveis.
Quero a imprevisibilidade por princípio e os perigos da liberdade como meta.
Quero adentrar os espaços vazios da minha mente e ficar mirando nas bolhas de pensamentos alheios condicionantes de  dentro da minha falibilidade humanóide.
bom recomeço..
beijo
da Melind@

    Fio  Entrei no absoluto e simples vagar do tempo. Invadi os espaços aparentes que reservei para um dia. Olhei minha própria fa...