sábado, 25 de setembro de 2010

De uma espiada...


Posts são amados por seus autores. São acalentados , retocados e adorados em cada palavrinha.

Não é simplesmente! Eles(os textos) são como brotos , pedaços de perpetuidade em forma de romance com a palavra, são prosa, poesia ou heresia pura. Também podem ser afasia.
(Os autores) Se esbanjam quando escrevem. Se exageram. Expelem suas sobras e excessos sem pudor, se abundam e espalham por linhas e linhas. Ali abandonam seus fragmentos para ser apreciados, desprezados ou reprovados , não importa muito o depois , apenas o efeito gerado ao lançar o olhar para si mesmos.

Se entregam e aceitam nas letras agrupadas em cada mergulho. Se decifram, se desmontam e reconstroem. Os textos os tranformam e os estendem pelas brechas de si mesmos e os arriscam pelas janelas alheias e cúmplices de sua audácia.
Por vezes se abominam em palavras, se sabotam e espreitam o vazio. Maldizem o silêncio e o equívoco.
Intrépidos amantes de si mesmos dando um pouco de vexame pelos códigos digitais. Diria destemidos e humanos que expõe sua alma aos abutres para que a transponham e saboreiem seus temores. Vão soltando lentamente as cascas dos brios e bebericando da franqueza.
Talvez uma borboleta bata as asas por ali, talvez se choque com a letra errada e dissolva o entusiasmo por segundos. Mas sempre novos ventos sopram por dentro e secretam pensamentos errados . Tudo se redesenha e os limites são mudados . As transgressões são permitidas .

A blogosfera é assim , este estado de desembaraço e aprendizado e é sempre cheio de cumplicidade silenciosa, de idéias transmutadas e intervalos significativos. É um espaço de transbordo onde nos emprestamos ao novo e estranho universo criativo.

A Blogoterapia , enfim..
beijo
blogoterápico
da Melinda

A Crônica


Andava pelas ruas de primavera sentindo o vento nada manso de bigrivertown. Ali aconteciam todas as coisas por dentro das coisas.Os olhos mudavam o sentido e perdiam a direção diante do invisível. E tudo continuava lá , latejando na pele das árvores e descascando sob a tinta das paredes.

As paredes não estavam lá para guardar, mas sim para revelar os compartimentos submersos em camadas de cegueira colorida, afogados placidamente em todo aquele país etéreo a descoberto.

O andar leve dizia que não havia pressa e nem tempo.Em algumas esquinas observava um olhar úmido ou a tranpiração da massa viva agitando corpos intensos.

Em outros cantos sentia o frio que interrogava discretamente a crônica. Muitas vezes a crônica não sabia responder. Era para isto que estava ali a penetrar espaços insólitos.

Procurava apenas um intervalo para respirar depois da vírgula. Poderia estar por entre as poeiras dos bancos quebrados o gosto que procurava, o sabor que inundaria sua boca de palavras e agitaria suas papilas com substâncias. Era a maestrina a tanger instrumentos com sua baqueta e despertar os sons que inundariam seus ouvidos, entupindo seus dutos com o volume das paixões.

Este era o estado de gravidade que procurava . O romance a prometer hormônios novos e arrepios. O susto a secar os lábios e retirar a fala. Só queria dançar com o flagrante ali mesmo e assim guardá-lo para sempre.


Aquelas calçadas presas nos cordões traziam as formas para o pensamento novo e fresco como a liberdade. A urina que restou da embriaguez da noite estava estampada no reboco quebrado . Uma mistura de tempos na esquina histórica decadente, o tempo da feitura e o da luxúria fétida.


Uma boca passava agitando os lábios finos enquanto ouvidos educados se calavam.

Namorou freneticamente com cada uma das palavras que desfilaram nuas pelo caminho elevado e por momentos as tomou.


O Sol veio de surpresa iluminando a crônica. Ela brilhou entre as sobrancelhas criando aquela expressão do encontro e ali ficou a admirar o espaço entre os espaços. Achou o sempre do poeta que é tanto quanto tudo.
beijo tudo
da Melinda

domingo, 19 de setembro de 2010

Olhos abertos....que nem tudo vêem..

Hoje eu assisti a um pôr de Sol maravilhoso. Destes que só vemos quando os olhos estão abertos, mais do que abertos, despertos. O tempo estava meio lento, como se tivesse deixado suas partes caídas pelo caminho e eu olhando.


Enquanto eu conversava uma parte de mim ficou ali sugada por aquela luz de Sol. Uma parte se entregou àquele momento impermantente. Nos fundimos.


Logo que a noite chegou eu já estava de volta a Bat Caverna e o céu estava lá, sublime, com uma única estrela a exibir-se como um diamante raro. Ela dominava a cena.


Parei, ainda que com um tanto de frio e percebi que embora houvessem outras tantas estrelas ao redor, aquela era o foco.


Como cada um de nós, estranhas criaturas com o foco voltado para si mesmas a ponto de não conseguir identificar o que está a volta.


Lendo um texto de OSHO sobre respirar compreendi uma relação importante entre o ato de buscar o ar, inalar e estar preso a um ciclo. A respiração é esta troca de energia que mantemos com este mundo doido. Ela dá o ritmo. Ao retê-la, ainda que por instantes, rompemos por segundos este ciclo pirado.


Dá pra sentir a piração? Tudo se expande a partir deste capítulo. Algo entre você e o espaço que o liga ao resto se expande . Não. Não são coisas fenomênicas. Não creio em fenômenos.


O único fenômento que creio é este milagre de viver. Este espantoso e supreendente decodificar.


Ontem fiquei com a frase recorrente em um filme na mente. Um filme simples que não tinha maiores intenções delirantes, mas a personagem ( mulher humilde e de poucos recursos) dizia ao filho:


- Tudo o que você precisa saber está dentro de sua mente. Você só precisa olhar além do que pode ver.


Olhar além do que pode ver pode ter a ver com a nossa capacidade de captar . Como se nossos olhos fizessem uma imagem com uma resolução e nosso processamento de informações fosse referente a uma resolução bem menor.


É desta forma que sinto. As coisas são muito mais amplas do que posso ver.


As minhas experiências são sempre viciadas nas minhas percepções antigas. Mas o interessante é justamente romper , ainda que por poucos instantes, com este previsível e assim ficar livre de expectativas.


A famosa Maya então é esta ilusão que não é ilusão, seria uma falsa percepção. Uma dotação equivocada de valor ao que está dentro e fora de nós.


Sobre o mundo corrente e a realidade sem vícios. A pranayama é a nossa conexão cíclica e dominá-la é romper o ciclo e desfrutá-lo.



beijo

mayado

da melind@

    Fio  Entrei no absoluto e simples vagar do tempo. Invadi os espaços aparentes que reservei para um dia. Olhei minha própria fa...