sábado, 8 de agosto de 2009

Amiga dúvida...

Dizem e eu quase concordo, que a vida é totalmente impermanente, mas algumas coisas nunca nos abandonam, por mais que estejamos dispostos a abandoná-las.
Sempre estivesse ao meu lado, acho que só não estavas comigo no dia em que resolvi nascer, afinal minha mãe sempre contava que eu decidi chegar, não fui planejada ( deve ser por isso que não sei fazer planos a longo prazo) e foi tudo em três passos, o primeiro fez tchan, o segundo fez tchum e tchan, tchan, tchan, tchan! Lá estava eu chorando timidamente, porque aí já me dizias que eu devia pensar sobre se devia ou não chorar naquele momento, afinal, todos os bebês executam sua primeira plataforma política quando aprendem a chorar, e eu ainda era muito inexperiente para fazer uma escolha. Estavas ali comigo, fomentando uma porção de alternativas sobre que posições um bebê deve adotar na vida, porque elas poderiam ser definitivas em minhas conquistas.
Os dias se passaram, eu cresci e às vezes achava que irias me deixar caminhar sozinha, dar umas cabeçadas sem queimar minhas energias com momentos de indecisão. Lembro quando veio o peito da mamãe, um momento tão mágico no imaginário das mulheres, a amamentação, e eu fiquei atônita com aquilo, parecia tão selvagem chupar outra pessoa , e logo uma pessoa que eu já gostava tanto. Me sentia uma vampira e não sabia se seria politicamente correta, mais uma vez só plantavas dissensos dentro de mim e então eu disse não,como eu poderia saber que todas as crianças mamavam. Por culpa tua cometi meu primeiro grande erro. Não queria fazer uma cáca já de chegada. Freud te crucificaria se soubesse que foste a responsável por esta atitude e minha mãe também. Isso acabou nos afastando um pouco (eu e minha mãe) e certamente ela se ressentiu.Um sim teria me poupado muitos problemas.Quem sabe eu teria lidado melhor com minha afetividade e me poupado tantos dissabores.
Aí veio a primeira papinha e eu mais uma vez não queria desapontar a torcida, precisava demonstrar que não comia qualquer coisa, como todos os bebês que precisam impor suas regras já no início da relação, era o que eu achava, mas então tu começaste com aquele teu papo sobre uma criança ser boazinha, não dar trabalho para mamãe e ainda por cima que eu tinha que me livrar daquelas mamadeiras e chupetas e cedi. Fiquei com todas as alternativas corretas, mais uma vez me levaste a ser precipitada, envenenando minhas idéias com teus argumentos pífios e maudosos. Começei a aceitar tudo o que vinha e me conscientizei de que tinhas razão, na dúvida, pegava tudo que aparecia.Eu era "quiquita papá nenê". Isso me custou alguns quilos, fui ser um bebê gordinho e até hoje guardo a fama de um cão galgo. Embora tenha conseguido manter meu peso igual ao de um magricela( ou quase), nós duas sabemos muito bem que bem lá no fundo escondemos aquela gorda dentro de nós. Eu sei que te tornasse minha cúmplice em muitos pactos que acabei tendo que fazer ou pelo menos tens me ajudado a mascarar todos os fracassos que me causaste.
Finalmente aprendi a andar com minhas próprias pernas e achei que não me atormentarias mais a vida. Queria explorar o mundo sem medos e correr riscos em todos os lugares. Até o meu irmãozinho mais velho tu usaste para me perturbar. Colocaste placas de perigo em quase todos os meus sonhos, dos mais ousados aos mais simples, e os dilemas só cresceram a cada dia. Meu aniversário de 2 anos eu festejei em um hospital em meio a febres e convulsões porque tu me obrigaste a ficar com medo de um simples brinquedo de péga-péga ( claro com requintes de terror fraternal) e acabei derrubando leite fervendo com aveia em cima do meu lindo corpinho roliço.

Passei a te abominar e tive certeza de que não eras a amiga que eu pensava, na verdade eras falsa e traiçoeira, querias apenas me manter prisioneira de ti e isolada de minhas conquistas. Quando te discutia com minhas certezas ficava com pena de ti e permitia que continuasses ocupando um lugar na minha vida. Cada vez mais ameaçada foste ficando perdida e tomando atitudes extremas, a ponto de me dizer para não acreditar em mim mesma. Éo fim, agora eu decidi que vou te expulsar pra sempre.
Não vou nem mencionar todo o resto que aconteceu em nossa história porque eu permiti as tuas artimanhas ,me acomodei e me acostumei contigo.
Agora chegou a hora de nos separarmos e eu tomar minhas decisões sozinha. Já estou suficientemente crescida e quero que procures outra coitada para aporrinhar.Tu tiraste proveito da minha hiposuficiência porque sabias que eu era influenciável e tola, mas chegou a hora de fazeres tuas malas e seguir teu caminho. Não tenho mais medo de ti e também não te odeio, afinal me ajudaste a crescer e desenvolver formas de me defender dos teus argumentos espertos e ardilosos. Antes achava que eras uma boa conselheira, mas agora sei o quanto és medíocre e covarde, sempre te escondendo pelos cantos e mandando os outros dizerem o que tu não tinhas coragem . Felizmente eu acordei e fiz o inventário de todo o prejuízo que me causaste e nem vou querer que me indenizes. Só tenho uma palavra para te dizer. ADEUS, em caixa alta SIM.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Um vídeo diferente.......



Muito legal.......dica

Querido vestido


Quando te vi naquele momento todo empinado, em grande estilo eu estava carente, precisando de um motivo para salvar meu dia e então te olhei ali parado despojado, alinhado com aquele ar jovial que torna tudo encantador.

Nunca imaginei que eras inatingível para mim e fiquei sonhando na diferença que poderias fazer em minha vida. O que farias caindo sobre o meu corpo e eu te alisando e te olhando inteiro. Tu serias uma promessa de novo, algo que me faria sentir bonita e desejada e porque não invejada até, quando te vissem comigo agarrado ao meu corpo.

Eu que sempre achei que não precisava de nada além de mim pra me sentir completa, naquele momento, percebi que só te levando comigo as coisas fariam sentido novamente. Fiquei relutante em te tocar, sabia que a partir dali não poderia voltar atrás. Amei a tua cor viva e o teu brilho, sentia a tua vibração e aconchego. Então começei a relutar, pensei em tudo que teria que enfrentar se te levasse pra casa, como eu poderia te bancar, eu sabia que eras caro e único . Tudo que é assim tem seu preço na vida. Eu teria que decidir ali, naquele momento. Fui tomada pela angústia e pelo medo de te perder. Não poderia mais sonhar com teus movimentos suaves e tua elegância rara. A partir dali eu percebi que a energia mudou, algo sombrio me veio e eu calculei o tamanho da tristeza que ia enfrentar ao te deixar. Não poderia pagar um preço tão alto, afinal irias passar como todos passam. Em pouco tempo eu iria te olhar e não te desejaria mais. Quando percebesse teu modo cafona e ultrapassado. Sim, porque todos acabam assim.Não veria mais a tua estirpe e acabaria te jogando em qualquer das minhas gavetas. Eu passaria a sonhar com outro que fosse mais e melhor do que tu. Eu te esqueceria e por isso, resolvi te abandonar antes de passar pelo constrangimento de ver todo meu investimento em nossa relação, atirado em um canto da minha vida. Adeus vestido lindo. Fica em paz.

E o que vai ser afinal?

Decidam-se! Ou bem o influenza A é uma jogada milionária de laboratórios multinacionais mal intencionados, que estão usando a pandemia para ganhar milhões e a gripe mata menos do que as gripes comuns que solapam a vida de milhões de pessoas todos anos ou a população deve mesmo preocupar-se seriamente, fazer sua quarenteninha básica, comprar estoques de álcool gel e tamiflu e colocar na mochila antes de partir para o dia do juizo final. Eu estou tentando decidir o que devo fazer, ainda não estou muito certa!
Ontem, eu e um grupo de amigas desistimos de uma esticada, um happy hour, porque havia uma comoção boca à boca sobre frequentar lugares fechados, tais como restaurantes, bares e cinemas. Esta sugestão estendeu-se à ônibus( porque são lacrados em razão do ar condicionado) e similares. Portanto, nem pense em dar carona para o seu colega, porque ele pode ter estado em um lugar destes ou tocado em algo. Fica difícil! Imagina se ele foi ao supermercado ou ao shopping? Ou se ele contratou os serviços de um moto-boy, que passou por todos estes lugares e nem lavou as mãos?
Os dados veiculados à boca miúda, mas suavizados pelas autoridades, são dramáticos. Aqui em Big River City, um dos recôndidos ambientes escolhidos pelo vírus, por sua proximidade com a fronteira, pelo porto etc.. os hospitais estão extra-oficialmente alarmados.
Há casos de pessoas, que não fazem parte do grupo de risco, com infecção pulmonar severa e com sérios riscos de morte. E então? E agora ?
Ontem também se comentava que não há tamiflu para venda , apenas nos hospitais e postos de saúde. Isto é coisa que se diga? Ora veja! Olha a situação ô meu?! Mercado negro de tamiflu? Tráfico de drogas anti-virais? Corrida maluca para cidades uruguais vizinhas em busca do elixir da salvação?
O resultado é adeus happy hour, tchau bela, au revoir sair exceto para ficar na rua, exposta ao frio, lógico, porque estamos em um dos invernos mais atípicos dos últimos milênios.
O que posso afirmar é que , em todos estes pouquíssimos anos de minha experiência pleistocênica(*), eu nunca tinha visto nada semelhante. Estou lembrando do Stephen King em seu memorável filme longuíssima metragem " A dança da morte", no qual, antes do mote se tornar um duelo entre Ormuz e Arimã(*), entre o bem e o mal, bonzinhos e mauzinhos, mocinhos e bandidos e viver-se o dia "D" da humanidade, tudo é provocado por um abobado e sua pipeta quebrada que liberta um vírus que passa a contaminar a Terra como um rastro de Hades(*)!!Inha-ha-ha! Que medo V! Onde está Jack Bauer(*) ?

OBS.: Enquanto isso, no mundo real, milhões de pessoas estão em seus ambientes de trabalho, muitos deles fechados é claro e sem qualquer outra alternativa. Questão de "sobrevivência"!

(*) Dualidade criada por Zoroastro, um profeta, na sociedade persa na antiguidade, cuja crença era na existência de forças do bem e do mal , que deveriam estar em equilíbrio.
(*) Segundo a mitologia grega era a morte, Hades, irmão de Zeus.
(*) Jack Bauer é nosso grande herói...
(*) Pleistoceno é o período quaternário, da Era Cenozóica.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Vida em grão..

Sem inspiração não há de que
te agradecer ou saber porque
e o que vai ser desta fração
de tempo intenso que vivo,
que perco o senso e o chão.


Sem reação derrubo letras
com a mão sem medo de medir
ou dizer palavras que nem são,
não sabem de mentir , nem
hão de assim agir em vão.


Nesse estado ou condição me pego
me largo e me descuido em tempo,
Lembrança ? Imaginação?
Qual diferença então?

O que é meu ou teu dessa razão
que assim de mim escorre em grão
que é mínima partícula indeterminada,
paixão...


Melindinhabauer

terça-feira, 4 de agosto de 2009

As sem-razões do amor

Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.


Carlos Drumond de Andrade

E agora José?

Será que o Carlos Drumond estava tendo uma premonição ou a história se repete?
Adorei a associação do Poema :

José
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama,
protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse....
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?

Carlos Drumond de Andrade

Copiei a idéia de um blog que li e achei muito legal, não fui eu que bolei....

Amizade gravada na Pedra???

Diz a lenda que três amigos se encontraram e resolveram sair do reino do Nordeste. Lula era muito pobre e vinha de uma região miserável chamada Sertão. Collor saiu de um lugar que era muito pequenino para tantos poderosos, chamado Alagoas. O terceiro amigo era Sarney e vinha do Maranhão, propriedade de sua numerosa dinastia familiar, sonhava em conquistar novas terras e estender o poder da dinastia. Caminharam pelos lençóis maranhenses , Sarney, Lula e Color. Em certo momento iniciaram uma discussão porque os três desejavam o poder só para si , irritados se esbofetearam e se separaram. Cada um dos amigos, indignado, escreveu na areia :
- Sarney você é o símbolo de um Brasil atrasado e explorador!Um sinhozinho!
-Color você é um facínora ,um andróide político!
-Lula você é um incompetente, um incapaz!
Vinte anos se passaram e os amigos acabaram se encontrando em um Oásis chamado Brasília.
O amigo Sarney , que havia sido esbofeteado anteriormente caiu num mar de lama chamado corrupção e se afogava em pleno Senado . Logo vieram os dois amigos Lula e Collor para salvá-lo! O amigo emocionado perguntou porque haviam escrito tantas ofensas na areia e agora estavam ao seu lado? Os amigos então responderam: Caro amigo, em política, quando alguém nos ofende jamais escrevemos na pedra, escrevemos na areia porque os ventos do esquecimento fazem desaparecer da memória. Praticamos, como ensina a sabedoria dos vendilhões : " é dando que se recebe" , assim tudo passa e permanece como está.

Só uma adaptação( zinha) da Melinda , qualquer semelhança não é mera coincidência!
Mais do trio Lula-Collor-Sarney:

"Os bons companheiros"http://veja.abril.com.br/220709/novos-bons-companheiros-p-064.shtml


"Collor diz que agenda de Lula é continuação da sua"- O cúmulo da cara-de-pau...

Palavras do Pedro Simon "Está lá Collor, Lula e Sarney. Em 1989, naquela primeira eleição, os horrores que o Collor disse pro Lula! Depois, Lula dizendo que Sarney era "o homem mais corrupto do Brasil". Hoje estão todos juntos".


segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Decifra-me ou te devoro..

Outro dia eu estava no aniversário de uma amiga e conversávamos todas, cada uma com suas peculiares e buscas. Mulheres, seus enredos e suas tramas. Cada uma a sua maneira, tentando encontrar novos caminhos para se explorar ou enfrentar os novos ciclos de suas vidas. O engraçado é que todas dotadas de imenso pragmatismo. Curso de arte, divórcio, planos para a aposentadoria, tudo muito palpável. Eu fui obrigada a declarar que tinha criado um blog. Os sorrisos ficaram atônitos e eu perdi o rebolado. Uma de minhas amigas sentenciou que os blogueiros ( traduza-se algo meio desajustado) já são motivo de trabalhos acadêmicos e de pesquisas científicas sociológicas acerca destes comportamentos. É uma febre, disse.
Fiquei realmente sem saber se devia procurar um termômetro. Enquanto isso, minha outra amiga serviu a sobremesa, e a outra perguntou sobre uma colega que não víamos há tempos.
Eu começei este blog com a finalidade de crescer com ele, de preencher um espaço, um oco da minha vida com coisas "interessantes". Acredito nessas paradas intuitivas. Este me pareceu um universo novo, diferente e , embora eu seja uma deslumbrada, tenho me surpreendido bastante com os conteúdos humanos que encontro na blogosfera. Confesso que me considero até bastante tosca na casa, mas concluí que esta é uma característica de nossos tempos. Blogomaníacos, blogodependentes que criam uma bolha de interatividade virtual para escoarem suas experiências e inquietações reais, para exporem sua arte ou divulgarem seu trabalho. A relação do indiviíduo com seu blog, embora eu seja uma amadora, é muito original, íntima e solitária, ainda que o blog seja sujeito à exposição o tempo todo.
São tipos misantropos, pelo menos no que diz respeito a esta abordagem. A relação nasce antes mesmo da criação do blog, é como um poder novo, embrionário, que constitui todo o processo, uma idéia, um pensamento, que acaba se transformando num fato e ganhando forma. É bonito de ver a vastidão deste espaço, despido de limites aparentes ou de parâmetros concretos. É um meio altamente democrático acredito, tanto que chega a ser desconsertante.
O maior barato da coisa é que antes eu queria preencher o meu oco com as idéias gestadas neste ventre eletrônico, para isso eu às alimentava, uma permuta, mas agora eu busco cada vez mais nutrientes de tudo que observo e sorvo para abastecer este espaço singular que "ele" gerou em mim .
Estamos disputando quem vai levar , a Esfinge ou seu enigma: Decifra-me ou te devoro e me sacio ou me lambuzo.

    Fio  Entrei no absoluto e simples vagar do tempo. Invadi os espaços aparentes que reservei para um dia. Olhei minha própria fa...