sábado, 29 de maio de 2010

O amor nos tempos de cólera

Ontem conversando com uma amiga sobre os modernos "relacionamentos", ela me dizia que , segundo acredita, as pessoas não querem mais assumir compromissos. Preferem encontros eventuais , prazeres por prazeres e , de preferência, nada de vínculos.
Penso que talvez, não seja , tanto ao mar e nem tanto à Terra. Eu comentei que havia assistido ao filme( com o delicioso Cloney)" Amor sem escalas" e que achei o camarada um babaca e aquele modelo americanófilo de araque,uma coisa sofrível, principalmente porque faltava algo de substancial no argumento. Penso que continuamos sendo aqueles serzinhos primários que ainda sonham em conquistar um(a) parceiro(a), um(a) cúmplice, um(a) companheiro(a) e ser amados(as) aos moldes das grandes películas ou dos romances mais passionais imortalizados pela humanidade afora.
Lamento, mas acredito que nada mudou, exceto pelos arquétipos novos que foram introduzidos no sistema de relações humanas e por um detalhe "a coragem".
O comodismo, o medo de desarrumar a casa e sofrer algum tipo de dissabor ou decepção tornou-se uma armadilha.
Mulheres, que sempre foram seres tão complexos, mas enrustidos, agora são escancaradamente desafiadoras e encontram homens que não conseguiram ainda desligar-se do estereótipo da década de sessenta.O resultado é um estrondoso desencontro. Acho que é preciso que ambos assumam seus novos papéis. As mulheres que assumam sua "independência"cultural, financeira, emocional e o novo status para poder , ao encontrar um homem, buscar unicamente um par amoroso e não uma solução definitiva . Isto porque não se pode esquecer que hoje não há mais definitividade. Os ciclos chegaram e nada é para sempre, nem o mais estratosférico "amor". Ao dizer adeus a segurança e reconhecer que esta é apenas uma ilusão , será possível a todos descansar em paz.
O ideal nunca existiu a não ser nos romances e no platonismo adolescente, portanto , o que mudou foi a disposição. Acho que talvez seja uma questão de ajuste. Ainda existem zilhões de seres experimentando relacionamentos que ensaiam da tragédia à comédia e testam novas fórmulas para sobreviver a esta crise das relações humanas. O que é , sem dúvida, bárbaro!!!
Lendo um texto do Contardo Caligaris " A coragem do amor que dura" fiquei analisando que tipo de atitude sou em um relacionamento. Acho que fico deslocando o balde para estancar as goteiras. Aliás, acho que todos ocupamos variados papéis, hora tentando impedir que o barco faça água com pequenos improvisos, hora assumindo decisões difíceis ou definitivas. A vida real é , sem dúvida, muito mais instigante do que qualquer délírio folhetinesco. Se partirmos do pressuposto de que nos transformamos o tempo todo , não é possível imaginar um amor que permaneça pelos tempos e pelos fatos incólume como uma obra de arte estampada sobre a tela. A erosão desnuda toda possibilidade iminente e se os agentes não estiverem presentes e vigilantes, vão se perder e ponto.
No livro do Gabriel Garcia Marquez, "O amor nos tempos de cólera", eu obviamente torci contra aquele amor incômodo e tão humano do Florentino Ariza.. que medo!
Acho que este post está cheio de contradições, o que é bastante sintomático.
beijo anestésico
da melind@

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Curso sobre azeites

Esta última sexta feira tive a grata surpresa de assistir a uma pequeno curso sobre azeites, promovido pela Fundação Ecarta, no Honk Papa. Legal ver estas idéias se propagando aqui em Bigrivertown.

O curso "Azeite de Oliva Uma Cultura Milenar" foi ministrado pela palestrante Ana Romero, que é nutricionista da Secretaria de Saúde do RS e consultora da empresa Uniagro.
A idéia era apresentar azeites de oliva e aprender sobre suas diferenças, sutilezas e benefícios para a saúde. Abordou também a história, origem, variedades de azeitonas e principais países produtores.

Ao final houve degustação de azeites espanhóis, gregos, portugueses e italianos. Frutados , intensos, aromáticos. Uma délícia.

Eu já sou apaixonada pelo sabor do azeite, mas até aqui me detinha apenas em observar a acidez máxima por causa dos benefícios na prevenção de doenças cardiovasculares e tal, mas fiquei ainda mais seduzida por esta cultura e a nobreza e cuidados com seu cultivo.
Fui com duas amigas que já estão fazendo esta trilha há mais tempo. O curso faz parte de um projeto da fundação para o interior do estado e já houveram outras edições sobre vinhos, palestras com enólogos e sommeliers( com degustação , é lógico).
Acaba sendo um superprograma, melhor do que passeio na Serra Gaúcha ( a louca)! Brincadeirinha! Mas eu tinha que registrar aqui no Blog da Melinda porque é super bacana, além de saboroso.
Um pouco da elegância mediterrânea e aquela atmosfera que reproduz o universo destas áreas européias com tradição nestas culturas ( vinho e azeites) , e que às torna tão facinantes, foi borrifado aqui pelas bandas de bigrivertown.
O esmero e apuro destas práticas , segundo vimos, já vem sendo materializado em algumas áreas aqui no Rio Grande do Sul. Muito interessante.
beijo azeitonado
da melind@

domingo, 23 de maio de 2010

Silêncios inquebrantáveis°°°°°°°°°°°

Entre um sobressalto e outro ao verificar uma falha que cometi, um esquecimento, uma frase errada, enfim, toda vez que sou negligente com alguém, comigo , ou ainda, quando deixo de tentar algo pelo medo de falhar, percebo o quanto colocamos sempre mais água do que o copo pode suportar. Como parece difícil aceitar, sob os rigores de nossa moral, quando fica claro que somos completamente mortais.

Outro dia li em uma crônica sobre um importante atributo que precisamos criar, a capacidade de resiliência. Por qualquer razão fiquei com esta palavrinha na boca. Conseguir retornar ao equilíbrio e ainda trazer consigo algum aprendizado sobre si mesmo, perceber que a consciência faz toda a diferença, torna absolutamente natural o influxo das coisas.

Não deformar-se com as experiências ruins, mas apenas esculpir-se de acordo com as próprias escolhas.

Eu acho que uma das coisas mais legais que identifico em mim é o fato de ser muito disponível para com o outro. É um atributo que me fortalece , creio , porque sempre coloco o máximo de prioridade nesta coisa da experiência humana. Nem sempre fui assim, mas gosto de me sentir assim.

A disponibilidade vai se tornando mais presente quando se percebe que muito pouca coisa tem sentido nesta nossa bolinha rotativa.

O fato é que este "atributo" me parece bastante ausente nas pessoas. Aliás é quase ofensivo ser disponível. O lance está em ser ocupado e mostrar o grau de importância que se tem pelos compromissos da agenda e pela seleção criteriosa daqueles com os quais se dispõe do próprio tempo.
Em um desses filmes que assisti ultimamente observei claramente este comportamento, de forma quase sufocante aliás.
"Estão todos bem" de Kirk Jones, retrata mais uma vez a solidão que escolhemos ( digo como individualismo sacramentado). Robert de Niro demonstra com habilidade como pais e filhos podem ser estranhos um para o outro, mesmo quando tenham partilhado uma história.
Frank( de Niro) descobre após a morte da esposa que existe uma distância abissal entre ele e seus filhos e faz um esforço imenso para alcançá-los, inutilmente. Cada um vive em seu espaço hermético e blindado pelas mentiras sinceras que vivem.

Também é difícil lidar com o enfrentamento, por isso é mais fácil não ter disponibilidade ( tempo).

E assim os laços entre as pessoas que muitas vezes parecem brilhantes e invejáveis não passam de cascas quebradiças e frágeis, que não suportam a menor turbulência.

É impressionante como as mães exercem esse papel de ponte dentro das famílias. Vão aparando as goteiras para que não inunde o barco, ou talvez, simplesmente vão colorindo o cenário para que pareça menos duro.

Alguns silêncios são mesmo muito difíceis de quebrar!!

Verdade Nua e Crua

Verdade nua e crua. Nada nos move mais do que a verdade, seja para promover um impacto renovador e gerar estímulos, seja para desencadear argumentos de resistência que pretendem apenas fazer permanecer no cômodo e claustrofóbico apêgo a uma "realidade".
A questão principal está em aceitar os fatos que são. Podemos omitir de nós mesmos nossa verdadeira natureza por uma vida inteira. O engano é a diferença entre estar presente ou ausente na própria vida.
Ontem, por exemplo, precisei me ausentar de mim mesma para reconhecer a franca derrocada de meus pares , e não estou falando de corrupção, miséria ou crimes ecológicos.
Enquanto eu cumpria meus trabalhos de Hércules( aquele filho bastardo de Zeus vitimado pela possessiva Hera) na Academia de Ginástica tive a prova de que ainda residem em mim os instintos mais violentos e pré-humanos que transcendem quaisquer protocolos.
Estava eu resignada gastando algumas parcas calorias sobre o "elíptico", investindo os últimos resíduos de força animal que sobraram do meu dia ( Corra Lola Corra-ainda faltam 20 minutos) e no pleno silêncio de meus alfinetes, quando uma mulher cruzou a sala e instalou-se em uma esteira próxima a mim.
Maquinalmente e sem tomar conhecimento da minha reles presença tomou o controle e apertou no "power" , dando vida aquele retângulo luminoso e barulhento- que eu abomino no coletivo- e não satisfeita circulou por vários canais , ampliou os decibéis e sintonizou num daqueles canais sofríveis de séries enlatadas americanos que juram que são engraçados . O seriado , em especial , tinha até uma platéia falsa deprimente(claque com risadas) para avisar o momento de achar graça. Um garoto gorducho, um pai retardado e um tio mau caráter. Fórmula manjada?Bingo.
Não é uma piada e não preciso dizer que não achei nada engraçado. O "power" ativou uma força assassina que mantenho represada por tras de um sorriso terno.
Respirei fundo e lembrei de Rousseau " O homem é bom por natureza, mas a sociedade o corrompe". O que é um "boa noite" e "com licença". Besteira. Estamos em um mundo multifacetado, multicivilizacional, multitudo. Muito bem, ela tem todo o direito de dispor da TV, afinal está ali para ser usada e abusada. Se eu não me sinto confortàvel, trarei fones e blá, blá , blá.....Voltei ao equilíbrio e pensei o quanto sou um ser evoluído.
Não se passaram cinco minutos e a mulher se retirou , deixando o rastro de barulho berrante na minha cabeça.
Não cheguei a pensar em desligar quando lembrei da Lei de Murphy "não importa o quanto esteja ruim, sempre pode ficar pior...". Entrou um rapaz com cerca de vinte e indefiníveis anos-por conta da quantidade de cabelos e pèlos- e colocou-se bem ao meu lado na esteira.
Automaticamente deduzi que também não diria olá ou boa noite. (Preciso me acostumar com o fato destas coisas estarem fora de moda). O dito cujo tomou seu controle e passou a zapear ( sem pudor) e caiu naquele canal que iria acabar com todas as minhas esperanças . Sim, Sport TV!
Iniciei uma respiração relaxante e cerrei os olhos. Tentei construir um campo de força. Um pouco mais de volume. Lá estava o garoto com se estivesse sonâmbulo andando no mesmo lugar e com os olhos fixos no ponto brilhante e retangular que se agarrava à parede " O Zumbi, episódio II".
A estas alturas eu já pensava em algum armamento pesado o bastante para pulverizá-lo. Quem sabe nêutrons?
Alguns minutos se passaram e aquela palavra nefasta, superada apenas (na atual conjuntura) pelo refrão Lulalá , ecoou pelos rincões longínquos...
-Gooooooooool!
Penetrou como uma lança contundente no meu ouvido esquerdo. Perfurou meu invólucro simulador de civilidade e achei que iria esbofeteá-lo.
Foi salvo por uma legião de zumbis que adentrou o local e mesmo sem se conhecer começou um colóquio emocionado, troca de opiniões, amabilidades , palpites, desafios e comentários que só não eram mais insuportáveis do que os do Galvão Bueno.
Não faltou algum que se voltasse para mim e trocasse uma idéia sobre o "lance". Estava impedido! O jogador e eu também, de dar um basta naquela fanfarra . Breque. Esbocei aquele sorriso de plástico que tenho guardado para momentos em que amarelo.
Meu fígado estava ficando azul quando todos retornaram para suas atividades um a um.
Minha felicidade não chegou a estar completa quando um novo:
-Goooooooool trouxe de volta o bando alvoroçado de estranhos zumbis, novamente zum zum zum da minha desgraça e finalmente abandonei a esperança.
Um cartão amarelo para o cabeça de ovo. Um bate-boca no campo . Rola no gramado a gorducinha.
O episódio repetiu-se pelos vinte minutos seguintes cada vez que um jogador fazia qualquer m...até que eu concluísse o tempo de sacrifício e , resignada, abandonasse meus pares naquela cena degradante.
Que medo! Eu tenho que partilhar o planeta com eles.
Sempre soube que era estranha , mas agora tenho o diagnóstico definitivo. Eu sou um ET, mas não tenho uma bicicleta voadora.
Depois, como sou uma otimista- pensei- tive sorte. Imagina se fosse uma novela global com núcleo macarrone...Quem sabe .. o que teria feito...
Como diz a lei de Murphy "sempre pode ficar pior"
beijo extraterrestre
da melind@

Teatro Mágico....aaaaái meus insetos......

Arte Pura , música engajada que radiografa irretocavelmente nossas promessas esquecidas........de......um dia.....
Uma trupe que....reinventa o que parece acabado...
Muito legal!!! Aiii meus insetos interiores...........




beijo rastejante
da melind@

    Fio  Entrei no absoluto e simples vagar do tempo. Invadi os espaços aparentes que reservei para um dia. Olhei minha própria fa...