domingo, 23 de maio de 2010

Silêncios inquebrantáveis°°°°°°°°°°°

Entre um sobressalto e outro ao verificar uma falha que cometi, um esquecimento, uma frase errada, enfim, toda vez que sou negligente com alguém, comigo , ou ainda, quando deixo de tentar algo pelo medo de falhar, percebo o quanto colocamos sempre mais água do que o copo pode suportar. Como parece difícil aceitar, sob os rigores de nossa moral, quando fica claro que somos completamente mortais.

Outro dia li em uma crônica sobre um importante atributo que precisamos criar, a capacidade de resiliência. Por qualquer razão fiquei com esta palavrinha na boca. Conseguir retornar ao equilíbrio e ainda trazer consigo algum aprendizado sobre si mesmo, perceber que a consciência faz toda a diferença, torna absolutamente natural o influxo das coisas.

Não deformar-se com as experiências ruins, mas apenas esculpir-se de acordo com as próprias escolhas.

Eu acho que uma das coisas mais legais que identifico em mim é o fato de ser muito disponível para com o outro. É um atributo que me fortalece , creio , porque sempre coloco o máximo de prioridade nesta coisa da experiência humana. Nem sempre fui assim, mas gosto de me sentir assim.

A disponibilidade vai se tornando mais presente quando se percebe que muito pouca coisa tem sentido nesta nossa bolinha rotativa.

O fato é que este "atributo" me parece bastante ausente nas pessoas. Aliás é quase ofensivo ser disponível. O lance está em ser ocupado e mostrar o grau de importância que se tem pelos compromissos da agenda e pela seleção criteriosa daqueles com os quais se dispõe do próprio tempo.
Em um desses filmes que assisti ultimamente observei claramente este comportamento, de forma quase sufocante aliás.
"Estão todos bem" de Kirk Jones, retrata mais uma vez a solidão que escolhemos ( digo como individualismo sacramentado). Robert de Niro demonstra com habilidade como pais e filhos podem ser estranhos um para o outro, mesmo quando tenham partilhado uma história.
Frank( de Niro) descobre após a morte da esposa que existe uma distância abissal entre ele e seus filhos e faz um esforço imenso para alcançá-los, inutilmente. Cada um vive em seu espaço hermético e blindado pelas mentiras sinceras que vivem.

Também é difícil lidar com o enfrentamento, por isso é mais fácil não ter disponibilidade ( tempo).

E assim os laços entre as pessoas que muitas vezes parecem brilhantes e invejáveis não passam de cascas quebradiças e frágeis, que não suportam a menor turbulência.

É impressionante como as mães exercem esse papel de ponte dentro das famílias. Vão aparando as goteiras para que não inunde o barco, ou talvez, simplesmente vão colorindo o cenário para que pareça menos duro.

Alguns silêncios são mesmo muito difíceis de quebrar!!

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