domingo, 14 de março de 2010

São 16.771 dias ou 402.504 horas....

Ao despertar mais tarde que o normal eu recebia os protestos do submundo que já enviava mensagens sutis. Os sonhos estavam fragmentados , desintegrados e acordei com um punhado de pedaços que não se encaixavam em um enredo possível.
-Sacanagem!
Hoje eu trouxe de minha viagem ao mundo dos sonhos um piso laminado tabaco, que foi erguido e transformado em parede( ficou até estético). Um estrado sem colchão( porque alguém imaginário já havia levado tudo do meu quarto, deixando apenas um estrado), um bebê, uma voz, que talvez fosse a minha ( segunda voz) ou a do sub e um cálculo.
Eu calculava o meu tempo de vida em meses, em dias e em horas. Achei pouco. No sono, obviamente, o número era uma obscenidade. A falta que faz uma calculadora ao subconsciente!!
Os números serviam de argumento para meu colóquio sonado com a segunda voz ( o sub).
Despertei. Fiquei satisfeita por ter estado em "off" até mais tarde. Há dias venho apertando o "on" antes do despertador. Isto causa uma certa tensão entre ego e superego. Turbinas devidamente ligadas em "power" e o sonho enquistado como um quebra-cabeças.
Corri para calculadora. Foram 16.771 dias ou 402.504 horas, ou ainda 551 meses. Uma mixaria. Uma mixurugagem.
- Sacanagem!
O tempo é um impostor.Faz parecer que somos eternos, mas com esta bagatela...
Segue o roteiro.
Estou vivendo uma fase, no mínimo esquisita.É como se em algum momento, ainda indefinido, eu tivesse perbecido que há um não sei quanto para fazer e explorar a minha volta e o tempo já estivesse ficando meio curto. E isto em todos os sentidos. É como se tivesse deixado muitas coisas para resolver em cima da hora e descobrisse que não daria tempo. Ficariam encomendas a entregar,vidas para viver, gostos para sentir, rostos para olhar, idéias a realizar, pessoas a conhecer, sentimentos para sentir, experimentos para realizar e infinitos lugares para ir. Enfim.
No início dá um susto. A primeira reação é dar as costas, mas aos poucos , pensei que se ainda tiver mais 16.771 dias e ficar atenta à minha agenda paralela vai dar para degustar em pequenas doses e quem sabe ainda sair no lucro.
Preciso ser uma espécie de quinta-coluna atuando sub-repticiamente para promover a exploração destes meus mundos vagos, indistintos e enigmáticos. Preciso parar de olhar para o meu próprio umbigo, embora ele seja uma graça.
Esta semana ainda assisti um vídeo no Youtube, de filosofia. Era mais um trabalho em cima do Mito da Caverna, de Platão.
Havia um pássaro em uma gaiola que ficava olhando o mundo lá fora, encantado, mas preferia permanecer na segurança de sua prisão , com uma vida previsível e vazia ( logo triste) à voar e viver um universo de novas possibilidades. Simplesmente o medo do novo.
A grande questão é que não somos acostumados a pensar em desbravar universos e conhecer o novo. Somos adestrados a não trocar o certo pelo duvidoso. Não somos educados sequer para explorar nossos próprios mundos internos, nossos medos. Somos domesticados para não mostrar emoções, conter nossas reações e não "inventar modas".
- Não inventa modas guria!!!!
Somos apenas produtinhos desta cultura e quando o sub avisa que o relógio já matou quase metade do nosso tempo, é hora de começar a traçar prioridades e mudar um pouco o roteiro original(vindo da fábrica) e partir para o improviso .
É melhor colocar na área de trabalho o "animus resolvendis" e começar a perguntar...
- O que é que você pensa que está fazendo aqui?
- Quem você pensa que é?
Um beijo saindo da gaiola
da melind@

    Fio  Entrei no absoluto e simples vagar do tempo. Invadi os espaços aparentes que reservei para um dia. Olhei minha própria fa...