terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Quero ser Melinda Veiga..


God Bless the Child - Billie Holiday
Enviado por boberwig. - Clipes, entrevista dos artistas, shows e muito mais.

 Caio Fernando  Abreu escreveu   "Onde Andará Dulce Veiga"?
Todo final de ano eu lembro deste livro e por um motivo muito simples, tenho a fantasia de desaparecer atrás de uma esquina como Dulce e surgir em outro cenário como uma personagem misteriosa, envolta em uma atmosfera intrigante e farta de cores obscuras e insólitas. É claro que a Dulce de Caio desaparece por motivos menos banais, eu diria, pois está fugindo para salvar a pele e seu lastro é a conspiração que descolore o Brasil nos tempos de dominação militar.
Bem mas o assunto é fuga e fantasia, meu texto favorito. Eu sempre penso nesta "fantasia" fluida quando chega este período de virada porque é um momento em que começo uma espécie de falso recesso, quando parece que preciso parar para   mais um pit stop. Tudo mentira! O barco segue no mesmo rumo, mas o calendário juliano indica que se aproxima a mudança do último dígito em minha conta com o além de mim e aí  lembro que ainda não conquistei o topo do sonho que nunca acaba, embora eu saiba que isto é uma grande besteira, mas não importa , porque todos a minha volta estão correndo para adornar o grande momento da virada e criar novas e falsas expectativas acerca do futuro.
E chega o momento da "pequena morte" ,como diriam os gregos,  porque quando vivemos uma "conclusão" caímos no pequeno vazio de morte, quando se dissipa a ilusão do objeto alcançado,  dando lugar ao limbo que precede um novo querer. Mais um pequeno corte indolor no qual fica burilada a linha que se insinua sobre nós. 
Por isso minha heroína Dulce Veiga desaparece avulsa e abandona tudo, forjando uma nova trama muito mais original, denunciada apenas pela voz enigmática que habita aquela canção(meio Billie Holliday)  rasgando o silêncio e entregando o passado.
Quero ser Dulce Veiga um pouquinho e acho que isto não é nenhum crime grave! Ninguém melhor do que Caio Fernando Abreu para falar da verdade e sobre extremos que se justapõe.
Não quero mais ter que escutar aquela tradução miserável  de Merry Christmas que a cantora Simone fez o desfavor de gravar   , não quero ter que decidir qual dos convites para ceia é pior e me imagino desaparecendo através de uma rua escura  e surgindo Melinda Bauer em meio a  fumaça azulada pela luz escassa cantando Chico Buarque" oh, pedaço de mim,oh, metade afastada de mim,leva o teu olhar,que a saudade é o pior tormento,é pior do que o esquecimento,é pior do que se entrevar....."
Talvez servisse desaparecer numa praia deserta mesmo( eu sei elas não existem mais) ou numa cabaninha destas cinematográficas no meio do nada( ah, mas é muito perigoso hoje em dia ficar sem alarme, travas e o escambau). Então acho que o jeito é criar um paraíso dentro da  própria mente mesmo, um ponto de equilíbrio que ponha minha Dulce a salvo de toda esta felicidade sintética à venda no balcão ao lado.
Preciso desmascarar esta impostora que anda borrifando brumas sobre meu olhar, mas, vou continuar pensando: Quero ser Dulce Veiga....
"oh, pedaço de mim,oh, metade exilada de mim, leva os teus sinais, que a saudade dói como um barco,
que aos poucos descreve um arco, e evita atracar no cais.."

(...)"No meio da névoa um filme é projetado numa tela muito grande. O filme mostra Dulce Veiga( loura , provocante, espirituosa uma idade indefinida entre trinta e sessenta ). Cantando a mesma canção. No filme Dulce está num grande salão de festas cheio de espelhos, ao lado de um piano verde de cauda... .(...) ( trecho do roteiro do filme "onde andará Dulce Veiga")
Beijo metade de mim
Melind@ Veiga

E ao te encontrar / Solto o grito que está
na garganta / Abro a boca / E meu coração
canta

Um comentário:

  1. Minha querida Melinda (Bauer, Veiga... pouco importará agora),
    Vim aqui pra te desejar um ano novo magnifico! Quero, de verdade, que além de saúde, paz, harmonia, realização profissional, que se achegue aquele amor desejado, aquele que acreditamos acalma a alma, em plena loucura do nosso mundo existencial. Acreditamos, não é?

    beijo grande, minha amiga.
    Janice.

    ps. tem posts teus que saem sem o link para comentar, dá uma olhadinha (ou é de propósito? rsrs)

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