domingo, 19 de dezembro de 2010

Exposição da intimidade.

Depois de assistir um trecho do Saia Justa cujo tema era a exposição da intimidade nas redes sociais e os perfis que são criados para definir objetivamente uma impostora subjetividade, posto que nossa subjetividade é conferida ao que é íntimo e o que é íntimo não é público, fico a me perguntar o tamanho da bronca que estamos comprando com esta inominável gama de artificialismos que construímos, como personagens que editamos para apresentar a um determinado público. Isto determina que a marca desta geração é o selo da aprovação pelo externo.
Há uma estética publicitária do que é bonito e isto da o norte do que a edi-tadura social preconiza.
Eu, particularmente, não sou mais do que um rótulo nas redes sociais. Não uso messenger, embora tenha conta e perfil, assim como no Facebook, orkut e twitter. Não tenho o hábito de linkar nestes sites e costumo responder com alguns meses de atraso. Embora tenha me interessado  e até investido algum tempo, não me sinto atraída. Muito raramente dou uma espiada e mantenho a conta ativa. Já houve tempo em que olhava mais frequentemente, mas perdeu um pouco a graça. Não significa que é para sempre.
Lembro que em épocas remotas da internet eu frequentava o mirc, Icq  e cheguei até a fazer boas amizades em salas de bate-papo, mas isto foi no pleistoceno quando as salas tinham poucas pessoas e se usava nick name.  Veja o contra-senso, usar um nick name para (não) idenficar-se ...
Atualmente as pessoas colocam toda a sua vida exposta para aprovação pública. Interessante isto porque na construção que conheci e não faz tanto tempo guardávamos nosso eu , resguardávamos , salvaguardávamos o que havia de mais singular  e isto nos colocava sob nossa própria aprovação. Agora as pessoas se apresentam sob diferentes recortes e num máximo de exposição para apreciação pública.
Não creio que seja ruim ou bom, é apenas diferente, um novo universo a ser digerido por esta geração a qual pertenço que é um pouco divisor de águas de dois tempos.
Nunca vai haver uma absoluta justaposição entre o que pertence a esfera pública e a nossa ordem privada  e por isso vamos sempre criar perfis, ou escudos de sobrevivência. Lembrei do filme francês "Medos privados em lugares públicos".
Será que somos todos grandes hipócritas?
O psicanalista Jorge Forbes diz que o homem precisa estar destituído do peso das identificações verticais , gostei da forma como colocou que precisamos ouvir nossos silêncios e ser flexíveis aos tempos, embora sempre tendo um eixo para se amarrar.
O fato é que seres virtuais não deformam, não soltam as tiras e não tem cheiro....
beijo Lacaniano

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