sábado, 23 de maio de 2009

O que é invevitável? Capítulo I


O médico Marcelo Blaya, 84 anos, é o criador do VIVA( Velhos e Velhas anônimos). Já é possível imaginar qual é o perfil do programa. Como envelhecer, lidar com o tempo e a matéria que nos foi legada e , principalmente, com o que fizemos deles.
A idéia de Blaya é difundir e multiplicar grupos do VIVA, que busca melhorar a velhice dos despreparados, em suas palavras " estimular posturas que garantam maior qualidade nessa fase após os 60, nominada por Marcelo como a descida da montanha , onde aparece a maioria dos danos produzidos pelo modo antinatural de viver as décadas iniciais"...
E como é antinatural!!!!....
Gosto de lembrar a sabedoria dos ensinamentos budistas que nos sugere o ciclo natural que é o envelhecimento, sem os alardes patéticos que costumam adorná-lo. Para os orientais ( ôh povinho esperto) o corpo simplesmente começa a desligar-se deste mundo, nos preparando gradualmente para deixá-lo. Os sentidos vão enfraquecendo, como que , desconectando. A visão torna-se difícil, não queremos mais ver. A audição precária nos afasta do que acontece a nossa volta. O tato perde a sensibilidade, o toque fica trêmulo, a pele fica flácida, o paladar insípido, o sabor fica menos intenso, a digestão mais lenta dos dias. A voz muda o timbre, torna-se incerta, o olfato reduz-se e não sentimos tanto o perfume das coisas. Ao respirarmos, a quantidade de oxigênio que entra no cérebro já é de 60% do que era aos 30 anos. A vivacidade é abrandada.O mundo outrora tão instigante torna-se então desinteressante e pálido.
Aparte a licença poética, o fato é que o envelhecimento é o processo que nos leva a uma mudança , a um novo tempo , vamos desembocar em outra etapa da existência. Um novo existir?
Em dados reais, a pirâmide etária de nosso país sofreu uma mudança considerável em seus contornos. A expectativa de vida aumentou , o número de idosos também e o Estado não está preparado para encarar os fatos. Do sistema previdenciário e de saúde ao calçamento das ruas manifesta-se a precariedade. Ah sim , o Estatuto do Idoso, que não ensina como lidar com a pobreza e a miserabilidade, ou com o abandono. Mas não é só este o ponto.
Os responsáveis pelo PIB, os contribuintes, também não estão vendo a questão com atenção. Quando somos jovens olhamos a maturidade e a velhice com impaciência e intolerância. Quando nos tornamos adultos o máximo que vejo que atingimos é a compaixão e o assistencialismo.
Essa forma de sentir me parece o diagnóstico de nossa ignorância e despreparo para o por vir....Póin!
Como este assunto andou me perseguindo a semana toda, continuo com ele no próximo post..




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