sábado, 4 de julho de 2009

Blogar é o meu melhor remédio....

Este Julho, ao qual rendo minhas melhores homenagens, é um dos melhores Julhos que já conheci. Hoje acordei pensando na música do Billy Paul, July, July, July, July. No refrão quatro vezes Julho.
Acho a letra perfeita e claro , meu July tem um summertime diferente, pelo menos na temperatura. Mera questão de latitude.
Eu sempre abominei o frio( acho que já disse isso), mas acho mesmo é que nunca tinha reparado nele. Me propus a " curtí-lo". Esta mesmo, a própria ênclise. Única. Tenho feito de cada instante um romance, uma história.
Isto inclui roubar amendoim doce de um colega distraído e ainda por cima com formação de quadrilha. E não é a junina. Êxtase puro!
Há pouco quando estava no comecinho da noite( espetacular) eu levei o Stuart para um "rápido" passeio. Frio, mas daqueles que a gente tem vontade de respirar fundo até se espargir, de se deixar envolver. Mais uma daquelas cenas pitorescas para quem tem um tom imaginativo como a Melinda.
Uma rua, avenida, um caminho, um prédio, um andar, uma janela, alguém enquadrado geometricamente ao cotidiano. Um retângulo largo de promessas que indicava vida, meia luz, meia persiana, meia cortina.
O som , um tanto acima dos decibéis prescritos pelo estatuto dos condôminos. Pink Floyd enchia completamente a rua . Fiquei parada uma eternidade naquela imensidão de som, sob aquela janela.
Imaginei alguém envolto naquela atmosfera.Razões, tantas. Ninguém escuta Pink Floyd para se alienar.
Acredito que fosse um homem atrás daquela janela. Com bem mais de trinta. Certamente. Talvez a música tão alta fosse um grito de " eu estou aqui" , " eu gosto e preciso de Pink Floyd".
Pink Floyd é cult e esbanjar-se assim é cool! Se é que alguém já conseguiu definir a dimensão do " ser cool". O nosso homem misterioso queria ser visto, do contrário estaria apenas com um desses ítens tecnológicos mínimos e o quarteirão nem perceberia sua existência. Ele queria partilhar sua música e encher os lugares de Pink Floyd.
Talvez fosse uma ocasião para um baseado, fumaça , reflexões. Quem sabe não estava rindo sozinho, secretamente, por trás da fumaça, espantado com seus próprios medos. Quem sabe a companheira( cara-metade) tivesse ido fazer a visita semanal à mãe , como é de praxe e as crianças estivessem na casa de um amiguinho. Ou mesmo, nem houvesse companheira, ou ela tivesse ido embora e nunca houvessem crianças.
Talvez, como é tão comum, vulgarizando a solidão, estivessem separados por dentro. Separados por dentro. Eu ouvi isto hoje à tarde. Achei tão íntimo alguém falar que está separado por dentro. È uma maneira bonita de dizer que existe uma grande diferença entre ter uma companhia e ter um(a) companheiro(a).
A opção B trata de um cúmplice para os crimes mais banais, nossas verdades, pequenos e deliciosos delitos de humanidade. Nossas transgressões de afeto e franqueza. Nosso nu. É o pacto secretamente chancelado pelo nosso ser mais precioso. Pela mão que segura certo o bastante, pelo olhar que corre em nossa exata direção. Romance.
Talvez o homem da janela só estivesse de olhos fechados, olhando pra dentro e encontrando com a sua própria parcela de aconchego, quem sabe sentindo e ressentindo as notas incisivas da música de David Gilmour ou aguardando com expectativa a promessa de um sábado à noite.
Quem sabe quantas possibilidades a vida oferece por trás de uma janela? Quantas chances há de dar certo ou errado?
É o duelo entre o "si" e o "no" , dos que não se entregam a própria sina! Grande Summertime

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