quarta-feira, 29 de julho de 2009

Qual o lugar mais seguro para quem perdeu os instintos?

O potencial jovem e criativo que chamamos de inspiração pode ser apenas um delírio. A percepção divina contida no impulso criativo é algo muito interessante, mas muitas vezes pode ser uma armadilha. Outro dia eu lia em um post que contar apenas com a inspiração é algo muito arriscado. Suicida até eu diria. Às vezes somos tomados por um surto criativo, imaginamos que estamos redescobrindo a pólvora, que tivemos nossa grande idéia ou que demos início a super obra de nossas vidas.
Tenho certeza que quase todas as pessoas já pararam para se perguntar a que vieram a esta vida e sempre se tem a expectativa de fazer algo que faça a diferença, nossa grande revelação. Entretanto, este momento pode passar e nunca percebermos ou podemos ousar pensar que ele está acontecendo e descobrir que nossa grande idéia não passou de um delírio infantil.Como seguí-lo? Como torná-lo um caminho construtivo?
Apesar dos riscos , acredito que este instinto criador, esta inspiração é um construtor de pontes. Estabelece um elo entre o mundo concreto e o abstrato, entre o mundo espiritual e material, entre o mundo corrente e o mundo interno.
Destilado na forma de uma lei individual, que será encontrada na relação com nosso mestre interior, só pode ser conhecido se seguirmos os conselhos de Sócrates, conhecer-se e observar-se.
Esta nossa natureza criadora, esta inspiração talvez necessite que haja a conflagração das polaridades, que são os opostos da vida. Uma aparente derrota para que se faça o sacrifício voluntário de uma postura de fantasia. O sacrifício do sonho ou da fantasia intangível e só assim surja uma força consciente que dissipe a escuridão e restaure a fé em nós mesmos. Enfrentar nossa serpente Píton pode significar trazer a luz e a clareza, desde que esta luz, de forma ambivalente, não petrifique um campo fecundo. Nessa passagem na qual transpomos o umbral para uma nova jornada será possível cotejar o fluxo que parte de nós para que viceje, neutralizando o impulso irracional e cego e dando sustentação ao princípio criador de nossa natureza.

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