domingo, 1 de novembro de 2009

Dia dos mortos

Fiquei com os olhos cheios de imagens e os bolsos cheios de novidades, como quando não temos mãos para agarrar todos os pacotes. Véspera do dia dos mortos e os vivos estavam em polvorosa. Não que eu costume homenagear os mortos ou guardar qualquer forma especial de reverência a este dia, mas sendo um feriado tão marcado, fica difícil não observar.
Aqui em Big Rivertown os termômetros ultrapassaram os trinta e cinco graus e todos os lugares estavam lotados de cores, formas e pessoas. Uma democracia que variava dos horrores do mau gosto à harmonia da perfeição.
As pessoas se lançaram em busca do sol e calor de domingo e principalmente do calor da gente nas ruas.
Nos portões do cemitério e junto às capelas, o comércio e as conversas superavam qualquer lembrança dos finados que ali jaziam eternos, concreto e pó. O Sol e as flores coloridas enfeitavam canteiros e calçadas. Vendedores ambulantes ofereciam água, refri, santinhos e arranjos.Os "faxineiros volantes" aproveitavam o dia para ganhar um dinheirinho extra das distintas senhoras que visitavam a morada eterna , o jazigo literalmente perpétuo daqueles que um dia já transitaram pelas ruas coloridas do feriado e até visitaram seus " entes queridos" como manda a tradição. Guardas de trânsito conduziam o tráfego com a seriedade habitual. Tudo preparado para o dia dos mortos. Solenemente.
Na estrada, o trânsito congestionado como nos dias cálidos de verão e na praia as carnes trêmulas e rijas desfilavam ainda o descolorido do inverno , naturalmente, sem qualquer timidez.
As casas se abrindo, os gramados aparados , as novidades despontando sob os olhares curiosos e os mortos esquecidos. A meteorologia conspirou com o final de semana e eis aí um saboroso feriadão.
Acho que o feriado de finados deveria chamar-se "dia dos vivos", afinal é para os que andam sobre a terra que o dia se faz mais intenso e emocionante. Assim, talvez até aqueles que ficam catatônicos semi-mortos pela vida ou simplesmente absorvidos pela mesmice maquinal da vida moderna, se joguem a viver ou quem sabe pensar sobre ela, a vida, ou sobre a morte, ou sobre ambas e seu significado . O jogo é tão rápido e nunca se sabe se vai haver prorrogação. Sendo assim, que venha o dia dos vivos.
beijo vivíssimo da melinda...

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