domingo, 8 de agosto de 2010

A Fita Branca

O nome é de um filme. Refere-se a uma fita branca que deveria ser usada pelos filhos do reverendo como uma recordação da sua pureza e bons princípios. Uma espécie de reprimenda continuada.
O que interessa? A sinopse fala de mistério, mas o filme é um drama. É em preto e branco! E certamente um trabalho de sutilezas.
A história se passa em uma aldeia, distante dos cenários da Belle Époque, mas às vésperas da Primeira Guerra. O filme é austríaco e o diretor é Michael Haneke.
Falei em sutilezas porque apesar de velada pelo comportamento cordial dos habitantes da aldeia, a violência é brutal e chocante.
Outro aspecto pelo qual vale a pena assistir é que , por não pretender resolver-se e sim questionar-se em uma larga reflexão sobre a natureza humana, do mal e dos grandes equívocos que cometemos em nome do senso comum, é permitido a nós espectadores caminhar sem previsão pelo filme. Somos levados a pensar o tempo todo onde ele quer chegar( o diretor) e o que deseja significar( sinalizar aos espectadores). O filme não tem clichês e não é fácil. Sinta-se livre para não entender e depois achar que era aquilo mesmo que pensou.
As personagens aparecem em "nu frontal" com todas as suas fragilidades humanas e flacidez moral ( de quebra mostram seus instintos rasos) ,tudo em nome da decência . São elas, o Barão(dono da propriedade), as famílias de trabalhadores (empregados pelo barão), o médico , a parteira (melhor interpretação a meu ver),o pastor protestante e sua família baluarte de rigores morais , as assustadoras crianças e o professor narrador.
A cena da parteira-secretária sendo dispensada de forma humilhante pelo médico depois de fazer sexo oral é irrecuperável.Tudo é mostrado com solene dignidade beirando ao fanatismo doutrinário. Um faccioso e discreto agente da intolerância( esta mesmo que você está pensando).
Os ingredientes do filme são altamente combustíveis. O ser mais próximo da amabilidade é o narrador. O professor da escola que empresta sua visão insegura. Eu confiaria nele.

    Fio  Entrei no absoluto e simples vagar do tempo. Invadi os espaços aparentes que reservei para um dia. Olhei minha própria fa...