domingo, 24 de outubro de 2010

Interagindo de verdade....?




Ontem num restaurante me senti um peixe fora d'água. Estou aqui a pensar porque há dias em que não conseguimos nos enquadrar na moldura. É um não entender pra ninguém botar defeito. Eu até gosto destes meus mexericos internos. Me colocam dentro dos detalhes .Por essência os detalhes nunca me interessam. Passam no filme sem vestígios. Mas ontem fiquei perturbada.
O chopp era sem sabor, a carne não é mais parte dos sabores que eu gosto. O assunto era polido e afável. O tempo se arrastou . A graça foi forçada pelo meu desejo de ver o tempo correr embora. E um eu por dentro pensando.
Um eu por dentro observava com o dedo em riste e dizia:
- O que é que você está fazendo sentada aí?
Nada era inteiro no sabor. Era como uma sinfonia sem maestro.Eu olhava os detalhes. Os risos sem cor, os modos calculados e a pauta pesquisada à exaustão por dentro das idéias. Não havia muito a dizer. Eu sempre tenho tanto a dizer. Não achei minha avidez.
Na imagem quadro a quadro estava tudo fluindo, mas o todo estava parecendo um filme sem roteiro. Eu não achava o meu texto.
Começei a despertar aqueles pensamentos ácido-analíticos que acham tudo uma grande borosema. Felizmente havia música.
Encontrei uma dessas conhecidas que sugerem uma aparência deslambida e insossa e logo pensei que era a pessoa mais próxima do ideal. Estava menos armada. Trouxe consigo apenas seu conteúdo, sem rebusco.
Saí do meu compromisso social com a idéia de que havia excessivo rebusco e pouco sentido.
Uma espécie de metalinguagem sensorial.
Enfim, dei por falta do selo de autenticidade da minha criatura. Estava postiça no cenário e nada do que eu sentia parecia perceptível a olho nu.
Toda a camuflagem que coloquei me deixou despida, descalça ou desguarnecida de minhas multidões de mim. Meu arremedo de fobia social.
Quando bateu meia noite voltei meus olhos excessivamente delineados para o relógio. Dei-me conta que estava sem. Bati em retirada no fluxo dos demais. Entrei na carruagem e fugi para minha caverna de volta.
Retirei o sorriso de plástico e me encontrei ali, só, à espera de algum sentido.
Somos bichos estranhos!

beijo fóbico
da melind@

Nem preciso dizer que me apaixonei por este vídeo. Emocionante.Fala sobre afinidades para além das formas.

Um comentário:

  1. Melinda querida: nem vou te contar sobre minha identidade plena com este teu discurso. Sexta também tive um destes compromissos em que senti falta de mim. Ai que medo, será fobia, ou o raso tomou conta de quase tudo por aí? rssrs

    Beijos.
    Janice.

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