quinta-feira, 14 de maio de 2009

Se a centopéia fosse uma Joaninha.......


Hoje pela manhã quando despertei de meus sonhos sob o toque de suaves e doces notas musicais , como de costume, ao iniciar meus leves e hesitantes movimentos, não poderia imaginar que tinha companhia e que viveria um pesadelo matinal.
Parecia mais um dia tranquilo e em um lento despertar, ensaiei os primeiros movimentos. Tomei nos braços um almofada amarela que estava jogada no chão e talvez, já intuindo o perigo, minha visão captou algo estranho. Um soco no estomago, um grito horripilante, pânico. É guerra! O encontro inevitável , eu e a coisa. Lembram do filme(A Coisa). Então , no episódio de hoje a versão Gulliver de "A Coisa" (alguém aí assistiu as aventuras de Gulliver?). Uma Arthropoda, Myriapoda, Chilopoda, uma Centopéia. Grudada como uma ventosa repugnante......Grito de horror!! Sim , foi uma guerra desleal. Sim eu a matei. Sucessivas e histéricas chineladas depois, ela continuava lutando, se contorcendo e mantendo um fio de vida. A vida não se entrega. Seu desígnio mais evidente era realmente sobreviver.Não preciso dizer que fiquei deprimida. Ela não teve a mesma sorte de Susan Doyle.
Ando muito contemplativa. Deve ser efeito deste blog. Tudo vira um debate dialético entre os pensamentos.
Sim, voltando a nossa amiga Chilopoda, ou se preferirem Myriapoda, é mais simpático, ou Susan! Enquanto olhava a pobre Susan , vencida, esmagada e esfacelada senti o quanto somos preconceituosos , intolerantes e irracionais. Eu sempre tenho pesadelos com insetos peçonhentos e asquerosos, nunca com joaninhas ou borboletas. Por que será?
Enfim, se fosse um mini tatuzinho, como chamávamos os tatuzinhos-de-jardim, (crustáceos terrestres, pertencentes a superfamília Oniscoidea) que possuem a capacidade de se enrolar como uma bola, lembram? Eu adorava brincar com eles quando criança! Ou se fosse uma linda borboleta, ( arthropoda -lepidoptera) certamente não teria sido trucidada. Teria sido delicadamente carregada até o jardim mais próximo.Ponto.
Fui implacável. A simples questão é que o nosso pequeno monstro foi abatido porque era feio e repugnante. Causou medo. Primitivo não?! Não teve a sorte de Susan Boyle. Apesar de sua aparência dantesca, Susan foi salva por seu talento, habilidade ou utilidade. Nossa Myriapoda não teve a mesma oportunidade, assim como a grande maioria dos demais desafortunados estéticos ou mesmo qualquer um que saia do padrão aceitável e estabelecido pela pseudo-normalidade. Nos causam medo? Ameaça á vista? É sim...as aparências enganam!!
O que é diferente do padrão pode ser assustador, até mesmo por sua beleza essencial e verdadeira. Como estes pequenos animais que cumprem seus ciclos e perpetuam suas existências.
A natureza é tão mais justa que arriscaria dizer que os ditos seres irracionais são dotados de maior grandeza do que nós, a quem adjetivamente se atribui a qualidade de humanos.
Tome-se o exemplo do Stuart, meu amigão de quatro patas. Tudo que se move pelo caminho do Stuart chama-se diversão! Sem nenhum preconceito. Abelhas, borboletas, joaninhas, mariposas, lacraias, cascudos. Todos são iguais perante a lei ( dos bichos). A alegria de um cão de quatro anos que rola, pula e se deleita enquanto focinhadas e patadas estraçalham seu pequeno amiguinho inadvertidamente convidado para brincar. Quando o corpo inerte indica que a farra acabou ele vira o rabinho e vai procurar outro entretenimento.
A natureza nos dá lições sob todas as formas.
Eu sei é que a invasora repulsiva não teve a chance de mostrar sua beleza e seu talento, sua infinita beleza de ser vivo. Não tive um olhar tão inteligente quanto o olhar do Stuart. Quantas Susan Doyle assassinamos todos os dias sem piedade, apenas com um único olhar? Azar da Susan Myriapoda que não nasceu uma Borboleta Boyle!!!

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