quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O som do silêncio..


Não sei como começar a escrever este post. Na verdade nem sei como se expressa o que quero dizer. Talvez o que preciso dizer não se diga, pelo menos de forma mais convencional. Mais fácil simplesmente silenciar. Começar com o silêncio pode ser uma opção muito inspiradora. Escutando o som dos pensamentos dentro da minha mente agitada.
Ouvir o som mudo que vem de dentro para fora é como, de repente, deparar-se com toda sua história. Observar cada impulso energético que move os comandos do seu corpo, as legiões de células agrupadas como um exército, de prontidão para realizar todas as tarefas silenciosamente manifestadas pelos sistemas hierarquizados e conjugados do seu corpo. Cooperação sistêmica. Equilíbrio. Sincronicidade. Sinergia.
O sangue corre taciturno, irrigando e oxigenando. Tudo harmonizado sem qualquer forma audível. O pulso silente e cadenciado indica a agitação metabólica, num magnífico coro de vozes mudas. Em uma cascata de força viva, converte-se o sol , o ar e os nutrientes em vida.
O silêncio é um universo de revelações. Ao ouvir, a mente cala-se e transforma tudo em informação. Transmuta sons em sentimentos e sensações.
Sentidos que operam registros de imagens com resoluções precisas , arquivos organizados e otimizados . Faxinas diárias limpam fatos e resíduos de suas memórias catalogadas e integradas.
Toda esta atividade latente acontece para que possamos sentir e viver. Sentir e viver.
Toda essa tropa de seres microscópicos, de operários anônimos e disciplinados, granjeiam nossa tão decantada felicidade. A vida borbulha em profusão sob a nossa pele e em torno dela. Pura luz.
Dizia o Lulu Santos " Eu te amo calado, como quem ouve uma sinfonia... de silêncio e de luz....nós somos medo e desejo....somos feitos de silêncio e som... Há certas coisas que eu não sei dizer"...
Eu também não sei dizer, só sei observar e afinal calar perante toda pujança que somos nós!

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