domingo, 29 de agosto de 2010

Às vezes perfeitos estranhos se tornam os melhores amigos.

Eu estava há semanas tentando assistir um filme que esbarrou comigo dia desses. A palavra improvável foi o tanto de magnetismo que me atraiu. Na verdade o trabalho do diretor é sobre a improbabilidade de algo acontecer , o que não é impossibilidade. Enfim, como não encontrei em locadoras foi uma mão de obra para conseguir assistir .
Eu gosto muito das esquisitices da vida. Acho que elas tornam tudo mais interessante ou mais real. A normose*(lembrando o grande mestre Hermógenes) é uma aberração.
O tema? Novamente a teoria do caos. Ela mesma que coloca o universo de possibilidades ou improbabilidades a conduzir o rumo das coisas.
Os ingredientes? A diferença extrema e brutal entre as pessoas de um lado e a condição de humanidade e solidão que as torna tão iguais de outro. O outro ingrediente é a amizade. Como o axioma ilustra" Deus nos deu a família, mas felizmente podemos escolher nossos amigos"!
Max e Mary, uma amizade diferente( ou improvável) serve aqui de pano de fundo para que eu possa delirar um pouco porque envolve dois personagens muito ricos.
Imagina uma menina australiana de oito anos com uma mãe que vivia mergulhada em uma garrafa de Sherry e um pai que quando não estava trabalhando se dedicava a taxidermia. Ela tinha uma mancha cor de cocô na testa e era humilhada na escola, onde não tinha amigos.Mary sofria do tipo de solidão mais implacável. Sua descrição do mundo é de uma simplicidade desconcertante. Entre o chocolate , o leite condensado e a série de desenhos animados" the noblets" que adorava (sutilmente com personagens que representavam virtudes humanas) ela criou um mundo de aparente felicidade junto com seu galo de estimação, Ethel. A menina acreditava que os bebês ( como lhe ensinara o avô) eram encontrados em copos de cerveja na Austrália.
Um dia quando sua mãe, que também era cleptomaníaca, deixa mostrar o produto de um furto na agência dos correios graças ao seu estado de embriaguez, é obrigada a empreender uma fuga inesperada. Mary está determinada a copiar um endereço do código postal dos Estados Unidos( a fim de investigar como os bebês nascem lá) e no momento de total improbabilidade a mãe a toma pela mão e faz com que rasgue a página no endereço de Max, o escolhido entre mihares de moradores novaiorquinos que se tornará seu único e melhor amigo. A borboleta bateu as asas.Aí fica claro que o filme dá enorme atenção aos fatos ordinários em nossas vidas e que geralmente passam desapercebidos.
Bem este foi o meu ponto de vista!!!
No outro lado do Pacífico e em outro hemisfério, na cosmopolita cidade de Nova York está Max, um judeu de quarenta e quatro anos que sofre de Síndrome de Asperger ( uma espécie de altismo de alta habilidade) e tem compulsão por cachorros quentes com chocolate. Sofre de obesidade mórbida( é um comedor compulsivo) e vive no isolamento mais completo por conta de sua inabilidade para entender o mundo e as pessoas. Estranhamente a pequena Mary também não consegue compreender o mundo e isso os une definitivamente.
Mary vai iniciar uma amizade se correspondendo com Max. Este pacto vai durar mais de vinte anos e transformar a autoestima e o destino de Mary. Ambos revelam seus mundos um ao outro e se tornam a referência mais importane ao longo de suas vidas.
É uma experiência e tanto se colocar dentro da mente de alguém e ter a sensação de que ela nos imerge em nossas próprias reflexões.
A história é fascinante e também baseada em fatos reais porque o diretor inspirou-se em uma amizade que manteve de forma semelhante. Se passa em 1976, antes do advento da internet. Não é uma obra comercial.Na verdade é uma animação com bonecos de massa em longa-metragem do diretor australiano Adam Elliot. Tem cores sombrias e o cenário é um tanto devastador. Sem rumores também o mendigo que mora na rua de Max vai dando seu recado no transcurso do filme .Sutil.
Amei quando Max declara que tentar "curá-lo seria como mudar a cor de seus olhos e que os seres humanos são imperfeitos como ele.
Há também o amor de ambos pelas palavras e o sonho de Mary em casar com alguém com nome de Earl Grey e comprar um castelo.
Apesar dos ingredientes e do final não tão feliz o filme não fica pesado e consegue deixar saudades dos envolventes amigos.
beijo estranho
da melind@

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