quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Sopa de letrinhas..


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Acho um tanto estranhas duas manias que me acompanham durante a vida, pelo menos desde que tomei consciência de minha existência. Uma é a de contar quadrados e quadradinhos em salas de espera e lugares afins. Revestimentos de banheiros , repartições públicas , calçadas e até quadros nas paredes entram no cálculo .


Assistindo ao filme " Melhor Impossível", no personagem do excepcional Jack Nicholson, resolvi rechaçar esta prática. Começei a oferecer resistência. Na época o "toc" ainda nem estava na moda. E a minha mania era praticamente um ritual de família. Tias, primas e avós praticavam. Na verdade foi ela, a mania, que acabou me abandonando, embora às vezes eu não resista e conte uns quadradinhos pra não perder o jeito, só não me preocupo em ter que terminar toda a contagem.

Uma diversão, assim como tem gente que adora estourar plástico bolha. Outro dia uma amiga me contou que brigou com o funcionário da transportadora que foi entregar um móvel porque o camarada queria levar de volta parte do plástico bolha que embalava a entrega e que minha amiga afirmava estar incluído na compra. Claro que ela ficou com o plástico bolha, que foi dividio com a mãe e todos ficaram felizes. Legiões de pessoas fazem qualquer coisa na disputa por um plástico bolha .

A outra mania é uma espécie de caça-palavras imaginário, no qual, a partir de frases de placas ou quadros de avisos ou afins, fico juntando letras mentalmente e construindo palavras, se possível frases. Me perco às vezes buscando significados e decifrando combinações. Fico imaginando que de repente vai aparecer uma pérola rara, uma frase , uma senha para dar seguimento à passagens ainda não autorizadas para alguma parte de mim ou da minha história que ainda desconheço. Ô delírio!

Outro dia recebi um email com palavras e frases que eram iguais se lidas de trás para frente, chamadas Palíndromos( nome horrível), tipo ovo , osso e frases como " A droga da gorda" e "A Mala nada na lama". Fiquei indignada porque nunca havia encontrado nenhum palíndromo , que absurdo!

Não gosto de perder chances. Acredito que podem haver significados ocultos, que talvez fiquem perdidos para sempre em alguma abstração que não fiz.

Eu devo ter tomado muita sopa de letrinhas e fiquei viciada. Pelo menos é melhor que pedra.

E o bom da sopa de letrinhas é que serve para quase todos os idiomas e momentos, ou quase. Imagina uma sopa de mandarin. E um comensal árabe?

Outro dia li um maluco( colunista de um certo jornal) que falava sobre sopa de letrinhas viciada. Tem cabimento? Sopa de letrinhas com censura prévia. Imagina um caldo iraniano, afegão, cubano , paquistanês, chinês. O paraíso construtor de vocábulos "ideologicamente corretos".

Entre as palavras que garimpo sempre prefiro os substantivos, porque como diz o próprio Aurélio, designam a própria substância de um ser real ou metafísico e fico mais feliz ainda se encontro substantivos abstratos como o amor.

É arrebatador encontrar sentido entre letras, encontrar partes de mim em sinais soltos em algum painel apagado ou placa informativa. É a alquimia de misturar sua substancia com algo frio e sem significado manifesto que você encontra caído pelo dia.

É um poder de criar o bordão nosso de cada dia!


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"Ora (direis)
ouvir estrelas!
Certo
Perdeste o senso!”
...
Olavo Bilac

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