domingo, 18 de outubro de 2009

Melinda é a minha construção

Melinda é minha construção, onde elaboro de forma indissociável, não tudo, mas muito daquilo que permeia minha vida.
Cada palavra que leio, em qualquer fonte, seja um livro, um blog, um jornal ou uma revista, enfim, é colhida e armazenada, ainda que inadvertidamente. Parecem estar esquecidas e inúteis, guardadas em algum espaço bagunçado do meu recipiente emocional, mas não, de repente se conjugam e destilam uma nova energia.
A leitura nos instiga a ter curiosidade sobre o outro, sobre os fatos, a debruçar-se sobre a história de alguém e a partir daí, tecer relações com nossa própria história , com nossa existência.
Todas as subjetividades que são captadas por nossa parabólica acabam sendo processadas e promovem infindáveis respostas, que conhecemos como maturidade.
Este final de semana, por exemplo, observei um fato da vida comum. Uma amiga teve a casa invadida por um ladrão, que furtou um aparelho de DVD aproveitando o momento em que o sistema de alarme estava desativado e a janela aberta. Entrou, desconectou o aparelho, caminhou tranquilamente de volta e saiu, sendo finalmente flagrado pela visão da secretária. Minha amiga estava a poucos metros, conversando sobre amenidades com a secretária, enquanto o estranho invasor, de aparência comum , violava a tranquilidade de seu lar. Não houve nenhuma forma de ameaça ou violência, nenhuma forma de contato, exceto um rápido contato visual.
Minha amiga tinha duas opções. A primeira seria ficar P., excomungar o meliante, registrar a ocorrência e aproveitar a dica para aumentar a segurança, computando ao fim e ao cabo, entre mortos e feridos , o lucro de ter sido lesada apenas monetariamente pela perda de um DVD. Seguir compromissos e rotina normal, dando o mínimo de crédito e dispendendo o mínimo de energia para o já desagradável acontecimento.
A segunda opção, escolhida pela minha amiga, foi deixar-se abater solenemente pelo fato. Entre a ocorrência e a reprodução infinita do fato, verbalizado, analisado e revisado "ad infinitum", promovendo decaimento, ampliando exponencialmente um episódio que , em última análise, não poderia ser desfeito, nem modificado. Cancelou compromissos, até mesmo os potencialmente festivos e agradáveis para sucumbir sem resistência ao teste-drive da sobrevivência.
Eu usei esse exemplo para ilustrar o que todos sabemos, que tudo pode ser muito simples e óbvio para alguns e devastador , dependendo da concepção que se tem dos acontecimentos que, podem ser inofensivos para alguns e ressoar de forma trágica para outros.
A experiência da vida, que aparece em fatos pequenos e isolados , não deve ter uma abordagem compassiva, é emblemático para construir as nossas referências e pautar nosso mundo interno e futuras escolhas.
Acabamos sendo receptáculos de fragmentos de vida dos que nos cercam.
Matéria-prima para o blog da Melinda é o que não falta. Alguém já disse que viver é uma arte, sendo assim, pode ser expressada e manifestada da forma que escolhemos. O importante é estar consciente!!
beijo grato pelos fragmentos de vida
Melinda

Nenhum comentário:

Postar um comentário

    Fio  Entrei no absoluto e simples vagar do tempo. Invadi os espaços aparentes que reservei para um dia. Olhei minha própria fa...