sábado, 12 de junho de 2010

Impressões que entram pela janela..

A Adriana Calcanhoto canta uma música que eu acho sensacional....acho que chama "esquadros" e tem um trecho mais ou menos assim: pela tela...pela janela...quem é ela ....quem é ela ....eu vejo tudo enquadrado( olha o duplo sentido), remoto controle...eu ando pelo mundo....
Sobre ter e perder o controle, sobre os enfoques que dispensamos aos que nos cercam, sobre ficar presos em convenções e esquemas. Enfim!
No último final de semana eu ampliei meus quadros, me desenquadrei e me enquadrei, digamos que olhei por outras janelas.
Lá estava eu sentada em uma poltrona rumo a Porto, uma revista em uma das mãos- para amenizar as falsas quatro horas e meia , que são na verdade cinco e meia cumprindo os trezentos quilômetros-ai como eu amaria um Trem-Bala- Por que a copa do mundo não está sendo em Bigrivertown ao invés de Joanesburgo? (Eu até iria assistir um joguinho) -e na outra mão segurava a expectativa e a ansiedade.
O cenário era uma chuva fina, com o fundo cinza suicídio e um silêncio dominado pelo barulho constante do motor, a estrada se desenrolava como uma língua de sogra, dentro e fora de mim, como uma ponte que se abre e fecha em relação aos novos mundos.
O pensamento solto povoava cada espaço da minha mente e eu tive aquela sensação de "unicalidade" que li outro dia na crônica da Danuza Leão, a sensação de ser única e inteira naquele momento e em qualquer lugar. Percebi que , mesmo separada do meu universo particular, eu poderia estar inteira e completa, que tudo que tenho , levo comigo e só.
Eu fui a Porto para encontrar minhas irmãs que não via há tempos e , é claro que encontros são sempre memórias, gavetas abertas e remexidas. Novas janelas se abrindo e outras sendo fechadas com tijolos.
Trocar confidências, revelar segredos, compreender antigas histórias nebulosas. Fortalecer conexões e trazer o passado de volta.
Novos mundos se abrem, novos dias se prometem, o tempo se perde nas horas do relógio e lá estou de volta na estrada, retornando ao meu universo particular com o sangue oxigenado de vida e possibilidade.
Reconhecer e reconhecer-se no outro, achamos pedaços de nós em nossa família. Fiquei impregnada do novo, voltei com os bolsos cheios de energia, vigor e magnetismo.
Lembrei da tal resiliência, ampliar-se e saber voltar ao estado inicial( voltar para casinha).Das inúmeras histórias que circundam uma cidade em seus singulares e humanos indivíduos ( a unicalidade). A mulher do apartamento de cima que mora com uma jibóia de estimação, o desembargador do café que tem oitenta e mente ter cinquenta acreditando que resgata sua vitalidade, um grande amor que deixou este mundo e o mestre francês que cura. O homem que tirou seu brinquedo da Kia da concessionária para tomar uma pancada pior e as outras tantas histórias escondidas atrás das luzes .
Rodamos pela cidade e pelo tempo, bebemos vinho, lambuzamo-nos de mousse de chocolate , fizemos compras e trocamos identidades e aprendizados. Conspiramos contra o tempo e o destino, fizemos planos e sobretudo rimos , de chorar.
Lembrei de uma música do Ed Mota sobre chorar de ri. É tudo de bom!!

Um beijo
tudodebonzinho
da melid@

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