domingo, 15 de agosto de 2010

Valse avec Bachir, 2008

A Valsa com Bashir é uma proposta interessante. O nome é por causa do presidente então eleito no Líbano, Bashir Gemayel e retrata o massacre de Shatila e Sabra durante a ocupação israelense no Líbano em 1982. Ari Folman era então soldado israelense em combate e faz do documentário um resgate reflexivo de suas memórias. A proposta é desafiadora porque o filme é uma animação e funciona como um documentário.
O cineasta relembra como parâmetro os tempos vividos por seus pais nos campos de concentração durante a Segunda Guerra e a busca de suas lembranças apagadas e misturadas aos pesadelos e relatos dos companheiros que vai colhendo. Acima de tudo o filme questiona e perquire sobre a verdade. Se é que seria possível que existisse apenas uma.
A proposta convida a uma pesquisa histórica sobre as raízes dos sucessivos conflitos que assolam a região envolvendo conceitos étnicos, religiosos e políticos tão profundos.
O cineasta deixa escapar uma grande interrogação quanto ao comprometimento do governo israelense frente ao massacre e nos faz exercitar a inversão das posições políticas( foi durante o governo de Menachem Begin) .
O genocídio teria sido provocado pelo atentado que levou o líder eleito Gemayel a morte e provocou a ira dos falangistas que como vingança invadiram os campos de refugiados de Sabra e Shatila. Observe-se que os exércitos de Israel ocupavam o Líbano, portanto....
O trabalho percorre vários caminhos para chegar ao desfecho. Investiga os sonhos "ininteligíveis" do ex-soldado (adoro interpretar sonhos) , dá o toque de animação num tom cinza e nebuloso , ganhando por vezes as cores fortes e luminosas. Ao final revela imagens reais que me levaram às lágrimas inclementes por uma Beirute devastada. Cenas chocantes registradas sem retoques nos perguntam até onde "civilização" consegue chegar.
Eu achei bem contextualizada e elucidativa a crítica de Régis Trigo no site que segue:
http://www.cineplayers.com/critica.php?id=1583

beijo cinematográfico
da melind@

    Fio  Entrei no absoluto e simples vagar do tempo. Invadi os espaços aparentes que reservei para um dia. Olhei minha própria fa...