domingo, 7 de novembro de 2010

Estar perto não é físico...

Claustrofóbico

Mr. Tambourine Man é o autor de um Blog e protagoniza o filme " Os famosos e os duendes da morte" do diretor Esmir Filho . O blog parece ser a parte mais real de sua vida. Tristeza, solidão e inadequação são as sensações que o jovem de dezesseis anos expressa.

Achei uma experiência muito interessante assistir ao filme com trilha de Bob Dylan ( Mr. Tambourine...) e que acontece em uma pequena cidade gaúcha de colonização alemã. Só pela atmosfera típica do interior, quase campanha já vale muito. Os chalés de madeira e o trem apitando.
Eu tive um namorado de Santana do Livramento que morava em um chalé de madeira destes meio sítio no centro da cidade. Aquele cheiro de fogão a lenha e aqueles estalos na madeira. O mato que cercava a casa.

Bom, mas voltando ao filme, algumas cenas são bárbaras como a que os amigos se encontram de madrugada para fumar sentados nos trilhos do trem . É uma viagem e tanto . O silêncio e o riso falam com sutileza.

Outra cena hilária é a do encontro com os avós( a distância abissal do avô alemão) e depois quando os avós vão para a festa junina ( ponto alto da noite na cidade) vestidos com trajes de noivos. É surreal. Nota dez também para a cantora de músicas típicas alemãs.

Mas a mais significativa é quando o garoto abraça a mãe no meio da festa e ambos dançam e choram em uma despedida sem separação.

A cidade e os personagens nos são apresentados através das memórias do garoto, que vive com sua mãe, viúva recente. Ambos atravessam momentos muito difíceis e várias vezes ele retoma a idéia de partir.

O filme centra em uma ponte (vale do Itaqui?) onde os habitantes se suicidam com certa frequência. É uma cidade que exala o peso da vida de seus moradores, isolados por um anacronismo incurável.

Através do blog o jovem revela sua dor imensa e nos faz entender o ponto em que a vida se torna insuportável.

As cenas recorrentes envolvem imagens filmadas para o blog de uma jovem suicida e um suposto namorado, que vai surgir para costurar a trama.

O filme é de grande delicadeza e vai se contando com naturalidade. São diálogos curtos e instigantes. ( Um sofrimento para uma tagarela como eu...fiquei falando mentalmente como uma doida)

Folk- Rock e fotografia  nos convidam a penetrar na mente confusa e solitária do adolescente e desvendar seus vazios . Pareceu-me que o diretor sugeriu uma sexualidade indefinida e qualquer identidade com comunidades Emo. Qualquer semelhança não é mera coincidência.

Eu gostei.


Veio ao encontro do que eu havia falado em outro post sobre o comportamento de jovens e adolescentes , sempre acompanhados de suas câmeras , celulares e notebooks. Sempre conectados e quase nunca disponíveis para uma conversa de mais de dez palavras. Vídeos narcisos e movimentos andróginos estão bem caracterizados na película do diretor de "Tapa na Pantera".


beijo claustrofóbico

da melind@

    Fio  Entrei no absoluto e simples vagar do tempo. Invadi os espaços aparentes que reservei para um dia. Olhei minha própria fa...