domingo, 7 de novembro de 2010

O caminho sob o sol..

Depois de muito remanchar decidi retornar com alguma atividade física nos finais de semana. Já tem um ano , creio, que tenho me restringido a fazer alguma atividade durante a semana e durante o final de semana sedentarismo do mais puro. O resultado é que minha coluna está dando em grito. Decidi fazer uma caminhada hoje. Voltas e voltas depois saí , já marcava 11:35 quando rompi o marasmo para fazer quarenta minutos de caminhada acelerada. Trilha sonora no ouvido, boné e muito filtro solar. Lancei-me.
Fui a pé até o lugar mais próximo para fazer caminhadas, o canalete das hortências(mortas) aqui em Bigrivertown.
Deparei-me com um deserto lancinante. O sol fustigante não estava nos meus planos iniciais, mas quando percebi o inevitável tomei o cenário como um desafio. Resolvi atravessar o deserto sob o Sol e ver como meu corpo se comportaria diante de tanta provocação. Isto é muito bom.
É muito bom sentir o sangue circulando e o corpo vivo e agitado pela atividade.
Quando se anda no deserto tudo se expressa. A folha seca tem sabor de efeito especial. A brisa rara vem dar um carinho e vez por outra transita uma alma que deixa escapar um sorriso amistoso.
Ao transitar num deserto quente de domingo enquanto as pessoas circulam para a volta das mesas e se dirigem aos restaurantes, principalmente churrascarias , ando para além do fluxo. Saio da fila e ando na contramão.
Neste interregno de tempo estava eu no limbo, no tempo parado da minha música e do meu corpo que luta contra a inércia. "Fly me to the moon" canta Sinatra . E eu apartada do mundo em meu deserto particular.
Dois cachorros sedentos cruzam meu caminho em busca de uma sombra e água. Um velhinho traga sofregamente o cigarro. Parece impaciente sentado na porta de entrada do Edifício Teatro ( eu nunca havia visto que ali existia um edifício teatro- deve ser porque fica em frente ao próprio). Será que está a espera de alguém , será que tem alguém para esperar em um domingo deserto e tórrido.
E Jamie Cullum canta "What a difference a day made, twenty four little hours ..." e sigo minha trilha sob o Sol . Um funcionário da companhia riograndense de saneamento acompanha de dentro de uma camionete a aventura da água que se acumula entre os paralelepípedos .
Men at work arrisca "Beautiful World" e eu assino embaixo.
Eu gosto de nadar neste mar de novidades . Senti minhas bochechas vermelhas e o sol meu companheiro. Passei em frente a uma Igreja evangélica onde se arrebanhavam alguns fiéis , provavelmente para as atividades de domingo. Ao chegar ao final da trilha nada mais se movia além de mim.
O estranho é que tudo me pareceu novo e diferente apesar de já ter realizado este caminho inúmeras vezes antes. (Prefiro um mundo real a uma esteira de academia).
Éramos apenas nós naquela trilha de hortências ressecadas. A medida que a hora avançava o calor vertia dos meus poros . Cumpri minha meta e rompi com o estado de "ponto morto". O gasto energético foi significativo, mas valeu o preço.
Cheguei ao trecho de Pavarotti que estava acompanhado de Bono Vox. Its there a time.
Is there a time to run for cover

A time for kiss and tell

Is there a time for different colours

Different names you find it hard to spell ...



Está na hora, já é tempo de movimento...
beijo desértico da Melind@

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