domingo, 9 de agosto de 2009

Thriller, Michael Jackson, Jung e Eu




Ontem, ao chegar em casa, após a reunião de minha confraria de amigas amantes de academias de ginástica e branquinhos com cobertura crocante, coadjuvantes em nossas revelações e descobertas para elaborar os postulados e teses de botequim, sempre malbaratados pela incerteza, é claro, para que possamos derrubá-las na reunião seguinte, ocorreu um momento insólito, que oscila entre o metafísico e o psicótico.
O fato é que , entre uma taça de vinho e outra a noite se prolongou e, como foi o primeiro encontro pós-mortem de Michael Jackson e sua passagem pelo planeta virou um "cult", resolvemos assistir "Thriller", que nos anos oitenta, revolucionou os clipes do fantástico. Lembramos o dia em que foi anunciado entre os intervalos do fantástico, em chamadas especiais e ansiosamente esperado pelos títeres da televisão( naquela época ainda não era constrangedor para o currículo assistir fantástico).
Enfim, o relógio marcava 3 horas, da madrugada, saímos da sede social da confraria, a casa de nosso membro-diretor, deixei uma amiga em casa e após quase atropelar um moto-boy que perambulava com aquela chuva pelo meu caminho, cheguei em casa.
Abri a garagem e encontrei misteriosos indícios para que minha personalidade psicopata fosse turbinada. A saber, um roliço cilindro de cinzas frescas de cigarro , acompanhado pela ponta, uma bagana sugada até o tutano. estavam na entrada.
Seria preciso lembrar que , após assistir o clip do sucessor trash do Peter Pan, o assunto passou a ser do outro mundo, cada uma narrando suas experiências com os viventes do suposto outro mundo e a seguir o roll indiciativo de filmes da hora sobre o tema, tipo " Evocando Espíritos" e " Passageiros" ( Já assisti os dois porque adoro filmes do gênero).
Enfim, aquela bagana de cigarros, ainda um enigma, tornou-se motivo para um sono " tranquilo " e reparador.
Após o encontro tão desejado com meu pijama, ainda houve outro episódio enigmático, o Stuart rompeu o silêncio da noite com latidos perturbadores e cheios de pavor.
Perambulei pelo estabelecimento esbravejando com voz tenor sussurrante:
- Tem alguém aí? Is there anybody there?
É claro, se havia alguém não poderia falar porque eu mesma fiquei falando ou porque não poderia se comunicar. Acabei indo para cama entre ruídos de estalos, ventos uivantes, sinos mensageiros e dobradiças precisando de lubrificação. Caí no sono.
Parte II
De volta à garagem, chegando em casa novamente e guardando o carro, bagana de cigarro e cinza roliça. Medo.
Quando cheguei pela área porque a outra porta estava trancada já estava dia ( olha que beleza são os sonhos, num toque, o sol) e estava tudo pintado de amarelo baunilha transparente e cintilante ( cor de esmalte), janelas, piso, lavanderia, lixeira e baldes, meu coração parou. Tudo muito real. Percebi que algo terrível estava acontecendo.
-Tem alguém aí? Is there anybody there?
As pernas eram gelatina royal, mas no suposto sonho eu continuei a ronda. A cozinha também estava toda borrada com aquela pintura , tudo lambuzado e quase seco. Pensei que poderia ser uma pegadinha.
Eu já não sabia se continuava procurando o invasor(a) ou alma penada , ou se pegava um balde com água e tentava remover antes que secasse completamente. Será que sairia com solvente?
Meu piso pintado de amarelo- Grito de horror!
Já havia se tornado um duplo pesadelo, dois em um, eu não podia nem ficar só com medo. Sacanagem!
Cheguei finalmente ao banheiro ( por que o banheiro?) e lá estava ele( música de "Psicose"- Alfred Hitchcock ficaria humilhado),um sujeito moreno , bem moreno (em homenagem ao Michael Jackson dos Jackson Five), com dois metros de altura e macacão de mecânico.
- Quem é o senhor? O que o senhor está fazendo? Who are you? What are you doing?
- Trabalhando ( deduzi)- resmungou- no sonho os mortos não falam.
Ele apenas balbuciava palavras ininteligíveis e continuava andando pela casa com aquela trincha e o balde com a mistura original de esmalte de unhas e têmpera aguada. Tudo pintado. Que horror!
Ele não falava, mas eu entendia tudo. Sinistro.
Aí tentei oferecer ciquenta pratas para ele limpar tudo, mas felizmente os celulares tem alarmes para avisar que a bateria está fraca e eu fui salva.
Demorei um pouco para acreditar que estava dormindo em minha cama e que era a mulher mais feliz do mundo.
Juro que nunca mais vou dizer um palavrão quando o alarme da bateria do celular tocar no meio da noite.
Este certamente é um pesadelo para ser desvendado pela "Teoria Psicanalítica" de nosso mestre Carl Jung.

(*) Ainda deduzi que a bagana de cigarro eu pedi emprestada no filme" Ele não está tão a fim de você"(He's Just Not That Into You), se você assistir vai descobrir. Aliás o filme é ótimo, um compêndio de sabedoria que todas as mulheres deveriam assistir, pelo menos três vezes. Razão para um post, quem sabe.

Um comentário:

  1. Brrrrrrrrr! Cuidado!!! Podem ter despertado os caras do lado de lá......ahaha

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