domingo, 30 de setembro de 2018





    Fio 

terça-feira, 5 de janeiro de 2016


Água "Estagnada"

Está aí um título grotesco para expressar minhas impressões mais genuínas deste início de ano de 2016, pelo menos no que diz respeito ao meu entorno.
Neste instante  assisto a uma chuva cadenciada por um marasmo ritmado e bebo chá.
Gosto tanto das combinações inesperadas e ou contraditórias entre as palavras que por vezes chego a achar que são perfeitas, quase incorruptíveis.
Se parece que este texto pretende chegar a algum lugar...
Uma chuva paralisante combinada com uma crônica que não se desenrola para o fim.
Acho que esta água,  como as palavras,  pode assumir qualquer forma, pode estagnar, fluir ,evaporar, dissolver com tudo ou inundar discretamente, uma linha sem conexão. Pode desaguar em qualquer parte ou se perder anônima e despretensiosa. Palavras líquidas para um mundo líquido.
Acho absolutamente apoteótico este antagonismo latente nas ideias, tanto que chego a pensar que é melhor guardar segredo.
Parece que a vida cifrada em metáforas e códigos é muito mais fácil de entender do que quando explicada. Em profusão.
Faz sentido? Ah Tenho certeza que não!
Este quase fim de tarde fantástico e molhado ,por exemplo,  ilustrado por um bege embaçado e cuja trilha sonora original de gotas sobrepostas cantarolantes irremediavelmente irrepetíveis poderiam se traduzir num simples lugar comum, afinal  virou um pedaço sólido de experiência, um arremedo de trecho em obras na minha estrada com poucas curvas. Meu córrego de tempo... sem mais
Feliz 2016
beijo lindo
da melind@

ps.: sujeito a alterações

Turva , densa, límpida, cristalina, profunda, torrencial, calma, encachoeirada, vital, sensorial....submerja , afogue-se , inale, exale, transgrida....

domingo, 15 de março de 2015





E agora...

A tarde calma vai sussurrando um silêncio de dar vertigem
Parece que tudo deixou de estar , de acontecer...
A luz se acalma  branda entre nuvens aconchegadas no sonho
Fica tudo assim sem porque, razão ou norma..
O dia rasgou o protocolo e parou na sombra
Restou um brisa que podia ser marola embalando o tempo
Me deixo aqui no ponto final.

beijo lindo
da melind@

domingo, 16 de novembro de 2014





"Cada um de nós é vários , é muitos , é uma prolixidade  de si mesmos . Por isso  aquele  que despreza o ambiente  não é o mesmo  que dele se alegra ou padece.  Na vasta  colônia  do nosso ser há gente de muitas espécies , pensando e sentindo diferentemente."
Fernando Pessoa, Livro do desassossego, anotações(30/12/1932).

Ensimesmada a procura do próximo si mesmo desta viagem!!!

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Eco


∙ૐ∙ૐ∙ૐ∙ૐ∙ૐ∙ૐ∙ૐ∙ૐ∙ૐ∙ૐ∙ૐ∙ૐ∙ૐ∙ૐ∙ૐ∙ૐ∙ૐ∙ૐ∙ૐ∙ૐ∙ૐ∙ૐ∙ૐ∙ૐ∙ૐ∙ૐ∙ૐ∙ૐ

Tento ver meu rosto vivo
mas apenas a máscara inerte
se materializa como um retrato
Junto as folhas de hortelã e manjericão
 que o vento devolveu,
Sinto um sabor oco da varandinha
acanhada na casa da minha avó
É seu rosto no retrato
Parece  1972
As notas amontoadas do tecnô escoam
da festa na cobertura do edifício vizinho
e empurram  a janela incômoda
A menina escorre para dentro de si sem
perceber que o tempo é seu único capital
Palavras cuspidas com sabor de chá
e letras ...

beijo materializado
da melinda

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Meu eu e eu....
 
Este complexo ente que busco incansavelmente continua sendo enigmático. Apesar de nossa intimidade, sei que minha percepção da realidade não passa de uma interpretação superficial - positiva, negativa ou neutra - à luz de um conjunto de fatores externos e variáveis. Uma representação do meu ego multifacetado. A leitura que fazemos de nós mesmos é apenas uma face montada por julgamentos , ferimentos e conceitos. Todo entulho acumulado polui os sentidos. O que resta é nosso pacote de memórias , aquilo que nos preenche. O Persona e toda sua falácia.
As coisas precisam ser esvaziadas de tudo aquilo que projetamos para elas. Não  há caminhos superficiais e nem remedinhos tarja preta.

Pensando alto....nas entrelinhas

beijo nosso!
da Melinda

 

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Epílogo do dia

São 19:57h e a noite já se faz presente, acompanhada pelo vento cantarolante que se espraia pelas ruas e pelas frestas, encerrando o expediente do dia. Muita gente chegou e outro punhado partiu na sonolência do vinte e um de fevereiro. Corações aceleraram , olhos marejaram, dores, alívios, começos e finais. O ciclo é implacável e sigo anestesiada, adentrando  sonhos e descartando pedaços inúteis de meus bocados de vida. Espio meu balaio de letras e fica o combinado. Te espero amanhã!
 
 
Que todos possam ser felizes!
 
Beijo implacável ( adoro implacável)!
melind@
 
 

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Só um momento!

Em uma manhã envolta  naquela chuva fina e quase alentadora dos dias de calor, cá estou reunindo os pensamentos desorganizados pelas férias de verão. Parecem naturais esses momentos nos quais não há nenhum juízo de valor acerca dos fatos. Os pensamentos simplesmente se esvaem com a garoa acinzentada e apenas as letras que se juntam na tela  parecem  fazer qualquer sentido.
A preguiça se espalha pelo corpo e a ilusão de que tudo está como deve subordina o tempo e o espaço.
Outro dia assisti no cáfé filosófico(Luc  Ferry e Jorge Forbes) uma conversinha sobre a morte dos paradigmas e este nosso mundinho liquefeito de cada dia. Anestesia Geral!!

Que todos possam ser felizes!!
bj momentâneo
da Melinda

domingo, 18 de novembro de 2012

A fonte-24 horas

A fonte -parte I
Sempre achei de uma breguice sem precedentes esta história de ter uma fonte em casa. Cafona.Contudo, seguindo a linha de que tudo que não mata maltrata e como uma boa e meditativa aluna iogue, esta última semana me vi obcecada pela idéia de ter uma fonte.
Claro que eu não queria uma dessas fontes de pedra que lembram mini grutas como a grande maioria das que se encontram no mercado. Não, definitivamente não! Eu desejava comprar uma fonte que não parecesse com uma fonte e sim com um objeto  que disfarçadamente fizesse as vezes de uma fonte.
Uma ocasião fui fazer um retiro com meu grupo de Yoga em uma pousada que ficava junto a uma cachoeira. Lógico que durante o dia aquela água escorrendo era uma delícia, mas durante a madrugada eu fiquei sonhando em aterrar e ladrilhar aquela cachoeira, desligar aquele barulho enlouquecedor. Conheci o significado da expressão "tortura chinesa".
Enfim, decidi ir em busca da minha cachoeira particular. Andei como uma retirante pelas lojinhas de inutilidades e adornos. Encontrei descansos para colher em forma de bicho, suporte anatômico para cervical com música e vibro , luvas musicais, enfim, toda sorte de badulacos. Já estava quase conformada em ter que viver sem uma fonte até que lá estava ela , deslumbrante e imponente no mostruário de uma galeria de lojinhas. Shazan.  Era a última , preta, estilizada, design anti-fontes, vítrea, futurista. Uma sutileza. Uma passagem para o nirvana.
Não haveria o problema do barulho insano  com a minha fonte posmodernosaestroboscópica porque era  plugada à energia e poderia simplesmente ser desconectada.
A fonte - parte II
Muito bem, lá estava ela me fazendo feliz -  relaxante, transcendente e até reveladora de minhas singularidades - até o momento em que começei a captar um zumbido eletrônico nada transcendental que vinha junto com a minúscula corredeira. Pouco a pouco o pequeno ruído se tornou uma insuportável vibração..."estática"(lembra) e o meu refúgio do sansara acabou virando apenas um punhado de luzinhas e água parada.
A fonte - parte III- o final
Esta semana eu assisti a minha fonte ir passear no caminhão do lixo reciclável. Fiquei olhando enquanto a sacola ia em direção ao seu  destino de produto consumível obsolescente(24 horas), ou seja , virava mais um ítem no entulho absurdo de coisas inúteis que são adquiridas sem a mínima parcimônia a fim de preencher aquela enorme lacuna que vem não sei bem de onde...
 
beijo obsolescente
da melind@
 
 
 

A vida não se repete...

É incrível como somos feitos  daquela substância instável, inconstante e mutável. Nossos personagens tem prazos de validade. Eles vencem , perecem, oxidam e não encontram entrada para uma nova conexão.  Ao identificar as inúmeras abordagens de mundo que já me foram possíveis fico ainda surpresa quando diagnostico quem já pude ser por certos tempos.  Alguéns que foram vencidos, talvez  pelo aprendizado ou por uma regulagem no foco. Quem vai saber?  Ficaram obsoletos, acabaram saindo de linha, assim como qualquer produto sem utilidade . Mas o que me chama a atenção é que as conexões que estes personagens estabeleciam também ficam desativadas. Toda uma rede de ideias se esvai, como se tivesse servido a um fim e , sendo ele concretizado, tornam-se inoperantes. Me veio a mente aquela frase sobre ter a eternidade em um segundo.
O certo é que nossos gostos e prazeres ganham outros nomes e a ênfase que dávamos a alguns aspectos parece totalmente sem sentido. Acho que podemos chamá-la de objetivo.
Como é possível que ideias aparentemente sacramentadas caiam por terra, mesmo nas instâncias mais insignificantes?

bj inoperante
da melind@

Conferindo substância...


Conferindo substância

Conversando com meus medos...
de pertinho,
Assim, olho no olho!
Esperando passar aqueles trinta segundos
alucinados,
Somos só nós, o silêncio, a inspiração
a exalação e o vazio..
Do arcabouço que tenho sobre
mim, que me tolera e engendra
resta uma vaga e desapegada
verdade impermanente...

bj vago
da melind@

    Fio  Entrei no absoluto e simples vagar do tempo. Invadi os espaços aparentes que reservei para um dia. Olhei minha própria fa...