domingo, 10 de outubro de 2010

E não entendendo mais um pouco: olhemos o recipiente vazio.




Me vejo como um recipiente que posso esvaziar e preencher a cada dia.





Ontem eu fiquei "involuntariamente" em uma "palestra" enquanto esperava uma amiga e o tema era planejar o futuro. A estratégia do palestrante visava apontar para uma espécie de futuro espiritual ou transcendência.


Planejar o futuro.Uma das coisas mais difíceis que avalio, posto que primeiro é necessário definir a que futuro estou me dirigindo. Daqui a dez minutos? Dez anos? Dez vidas?(brincadeirinha) Um futuro que sequer existe! Existe apenas a eternidade.



Como sempre tenho muitas perguntas e quase nenhuma resposta fiquei deixando as perguntas tomarem conta do meu recipiente mental. Elas são boas companheiras.




Lembrei daquele bordão " O amanhã a deus pertence" ...Será?


Tentei observar o curso das palavras como quem observa o sol brilhando, sem julgamentos egóicos.

Seria possível falar de futuro espiritual apartado de futuro material , considerando as variáveis sociedade, cultura e momento histórico?!Tudo muito complexo não ?


Eu já entrei em uma frequência que me leva sempre a achar que estou no lucro.

O fato é que não temos muito isto que chamamos de futuro. Acho que tudo acaba se restringindo a escolhas. Algumas coisas podemos escolher e mudar e outras vem no pacote e não dá para alterar.

Seguimos rumo às descobertas e experiências , o que acabei entendendo (embora não exercendo inteiramente) que é a única coisa que existe. Sim o presente. Claro que parece clichê e é, mas a verdade é tão simples que parece clichê.


Busca-se certezas, solidez e segurança. Mas, não existe garantia alguma nunca! Meu mantra da impermanêcia.

Eu já desejei preencher meu recipiente com tantas substâncias. Já quis ser a menina mais bonita da turma no colégio, houve momento em que queria ser a mais inteligente. Já desejei ter tornozelos finos e torneados e não ter pèlos nas pernas. Já quis ser uma escultura perfeita. Sem chances.
Quis ser uma idealista(nunca consegui me aferrar a idéias) e também desejei ser uma grande líder política . Sonhei em mover multidões com meus sonhos e claro, me imaginava subindo a escada da fama com um nariz menor.


Queria ser uma pessoa generosa e estar acima da mesquinhez e sobretudo queria ser feliz. Descobri que sou, apesar de nunca ter ido viver em uma comunidade hippie como sonhava há tempos atrás . Ah eu queria ter passado sete anos no Tibet e também me imaginava descobrindo o elo perdido como Indiana Jones.



Sonhei ser uma bailarina em um grande musical. Quis ser cantora de rock e ainda reger uma grande orquestra. Queria ser professora aos dez anos e morria de vontade de ser filha dos pais da minha melhor amiga na adolescência (eles eram tão perfeitos).



Ainda houve aquele momento de ser uma grande escritora e também atriz dramática(apesar de ter uma certa repulsa ao melodrama). Queria ainda a leveza da Meryl Streep, a elegância da Constanza Pascolato e a graça de Danuza Leão para lidar com as intempéries da vida.


Bom, eu poderia dar voltas ao mundo costurando letras e contando todos os personagens que habitei.Alguns cheios de boas intenções e outros puro ego. Simulei milhões de existências para minha vida "concreta", mas a realidade estava sempre lá e eu sempre era alguém além dos meus sonhos. Eu era e sou sempre alguém além do fluxo que corre na minha história. Sou o recipiente.


A partir do momento em que toma-se consciência desta condição falar em planejar torna-se algo menos grave, mais pontual e passível de ser alterado continuamente.


As opções(felizmente não precisam ser definitivas) são acessórios e o que constrói o recipiente e lhe dá solidez é o conhecer-se( e aceitar-se).


Deste ponto de vista planejar um futuro que não seja um conjunto de objetivos materialmente práticos matematicamente equacionados é pura ficção.


Falar em destino? Acredito mesmo que escolhemos o destino que queremos e construímos o personagem que vai entrar em cena na próxima chamada, mas ninguém pode nos ensinar como fazer. Esta descoberta é genuninamente solitária, diária e permanente. É como aquela imagem da fruta que (se niguém arranca) vai cair do pé quando estiver madura( preparada) ou passada.

Então vamos ao clichê, momento Deepak Chopra: " Se você quiser saber como vai estar amanhã, veja o que vai dentro de você hoje"....(+-).Adoro frases de efeito.

Portanto, o lance é planejar o presente...
Momento blogoterápico...



São só alguns pensamentinhos altos do chão que a melinda ficou matutando...

beijos

predestinados
da melind@

.. E bem ali
além dos meus sonhos
eu estava,
por romance,
por deleite,
pra me saciar..
de mim
me fartar..

    Fio  Entrei no absoluto e simples vagar do tempo. Invadi os espaços aparentes que reservei para um dia. Olhei minha própria fa...